A Polícia Federal (PF) realiza nesta sexta-feira (20) uma operação que apura a prática de incêndios criminosos, desmatamento e exploração ilegal de terras da União que estariam ocorrendo na região de Corumbá, Mato Grosso do Sul - cidade considerada a ‘capital do Pantanal’. Os prejuízos causados pelos crimes representam mais de R$ 220 milhões, segundo a investigação.
A ação da PF ocorre em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (IAGRO/MS). No estado do Centro-Oeste brasileiro, os policiais federais estão cumprindo sete mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal de Corumbá.
As investigações de crimes ambientais já ocorriam na região, mas investigações se intensificaram após os incêndios registrados neste ano. De janeiro a setembro de 2024, Corumbá foi a terceira cidade do país com mais focos de incêndio no Brasil. Conforme dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram 4.766 focos de chamas na região nesse período.
A área, localizada na fronteira com a Bolívia, é frequentemente alvo de crimes ambientais, incluindo a grilagem de terras, acompanhada por fraudes em órgãos governamentais. Somente na região, a estimativa da PF é que a ocupação irregular das terras da União já atinge 6.419,72 hectares, utilizados para exploração econômica, principalmente na pecuária.
A perícia identificou a presença de pelo menos 2.100 cabeças de gado na área da União, embora se estime que mais de 7.200 animais tenham sido criados durante o período investigado.
Ainda conforme a Polícia Federal, os envolvidos podem responder por uma série de crimes, incluindo incêndio em áreas de mata, desmatamento, exploração de domínio público, falsidade ideológica, grilagem de terras e associação criminosa.
A operação foi batizada de Prometeu, e faz referência ao personagem da mitologia grega que, ao roubar o fogo dos deuses, entregou-o à humanidade, mas acabou sendo severamente punido por seu ato. De acordo com a PF, o ato simboliza o uso inadequado do fogo no Pantanal para fins de pecuária e a expansão sobre o bioma.