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Como funcionam o quociente eleitoral e o quociente partidário nas eleições? Entenda

Os vereadores e deputados estaduais e federais dependem dos votos recebidos pelos partidos para conseguirem se eleger

No sistema proporcional, os partidos conquistam vagas legislativas por meio da quantidade de votos que receberam, o cálculo é feito pelo quociente eleitoral

Quando se tem eleições para cargos como deputados e vereadores, muitas vezes candidatos com grande número de votos não conseguem se eleger. Ao contrário das eleições majoritárias, como a de presidente e governador, eles dependem do quociente eleitoral e do quociente partidário para conseguirem uma vaga no Legislativo.

O que é o quociente eleitoral?

É um método do sistema estabelecido na Constituição de 1988 usado para decidir os pleitos de vereador, deputado estadual e federal. As vagas são distribuídas em proporção aos votos dados aos candidatos e aos partidos.

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Como ele é calculado?

O quociente eleitoral é o resultado da divisão de votos válidos pelo número de vagas disponíveis para o cargo. Se, por exemplo, um munícipio de 20 mil habitantes tem 10 vagas para a câmara municipal e teve 10 mil votos válidos , não brancos ou nulos, o quociente eleitoral será de 1000.

Depois, entra outro cálculo, o de quociente partidário. Esse irá determinar quantas cadeiras cada partido terá direito. O quociente partidário é o número de votos válidos que o partido político teve dividido pelo quociente eleitoral.

Por exemplo, se um partido recebeu 5 mil votos válidos e o quociente eleitoral for 1000, esse partido terá direito a 5 cadeiras na câmara. Feita essa conta, os candidatos mais votados de cada legenda conseguem se eleger, desde que tenham atingido quantidade de votos igual ou superior a 10% do quociente eleitoral.

O artigo 107 do Código Eleitoral ainda diz que, se o quociente eleitoral der um número fracionado, ele deverá ser descartado. Se determinado partido tiver 95 mil votos válidos e o quociente eleitoral for 15 mil, o quociente partidário é 6,33, portanto, o partido terá direito a 6 cadeiras no Legislativo.

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O que acontece se um partido tiver o número de votos menor do que o quociente eleitoral?

Caso o número de votos do partido for menor que o quociente eleitoral, ele fica sem representantes na câmara e deve aguardar por vagas remanescentes. Quando isso acontece, os partidos precisam recorrer à sobra eleitoral.

Em entrevista à Itatiaia, Pablo Aragão, Secretário de Eleições do TRE-MG, disse que as sobra pode ocorrer por diversos motivos, “seja por desprezar a fração nos cálculos de distribuição de vagas por partido, seja por uma legenda não conseguir ocupar todas as vagas obtidas pelo quociente partidário por não atingir o número mínimo de votos”.

Segundo ele, nesses casos, as cadeiras que sobram são distribuídas como determina o artigo 109 do Código Eleitoral:

  • Para ocupar uma vaga, os partidos precisam alcançar pelo menos 80% do quociente eleitoral.
  • Os canditados, para ocupar a vaga, devem ter conseguido votos em número igual ou superior a 20% do mesmo quociente.

E se acontecerem empates?

A distribuição das sobras ocorre pelo cálculo da média de cada partido ou federação, que é determinado pela quantidade de votos válidos a ele atribuída dividida pelo respectivo quociente partidário acrescido de um. Ao partido ou à federação que apresentar a maior média, caberá uma das vagas que sobram.

Em caso de empates de média, considera-se o partido ou federação com maior votação. Se ainda assim tiver empate, será considerado o número de votos nominais recebidos por quem disputa a vaga. Se ainda assim ficar empatado, deverá ser eleita a pessoa mais velha.

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A Itatiaia também perguntou ao Secretário de Eleições o que acontece caso nenhum partido alcance a porcentagem mínima de 80% do quociente eleitoral. Ele informou que, nesse caso, todas as legendas, federações e candidatos participam da distribuição das cadeiras remanescentes, aplicando-se o critério das maiores médias.


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Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.