O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou o avião presidencial para enviar joias aos Estados Unidos. A informação consta no relatório da Polícia Federal (PF) enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que perdeu sigilo nesta segunda-feira (8).
“Com a finalidade de distanciar e ocultar os atos ilícitos de venda dos bens das autoridades brasileiras e posterior reintegração ao seu patrimônio, por meio de recursos em espécie, foi utilizado o avião Presidencial, sob a cortina de viagens oficiais do então chefe de Estado brasileiro para, de forma escamoteada, enviar as joias aos Estados Unidos”, diz a PF, completando:
“No território norte-americano, interposta pessoa (testa-de-ferro), de forma consciente e voluntária, por determinação do então presidente, assumiu a negociação e venda das joias, com o objetivo de ocultar o real proprietário e beneficiário final da venda dos bens (Jair Bolsonaro).”
O testa-de-ferro seria o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente.
A PF identificou a existência de uma associação criminosa formada por aliados de Jair Bolsonaro (PL) para desviar joias e peças valiosas do acervo da Presidência da República e incorporá-las ao patrimônio pessoal do ex-presidente.
Nesta segunda (8),
A associação criminosa é caracterizada pela reunião de três ou mais pessoas para cometer crimes. Segundo o inquérito da Polícia Federal, representantes do governo Bolsonaro representavam o então presidente no conchavo para desviar os presentes de alto valor dados por líderes de outros países ao Brasil.
Os valores recebidos eram, ainda conforme a investigação, convertidos em dinheiro para o patrimônio pessoal de Bolsonaro. O grupo não usava o sistema bancário — transações convencionais, depósitos e saques, por exemplo — para impedir que a origem do dinheiro fosse rastreada.
A perícia da Polícia Federal constatou que as peças desviadas e negociadas pelo grupo valiam cerca de R$ 6,8 milhões. O valor de mercado, entretanto, é praticamente o quádruplo deste valor: R$ 25 milhões. Os objetos em questão foram dados à presidência brasileira pelos Emirados Árabes Unidos e pelo Reino do Bahreim; são eles:
- Esculturas douradas de um barco e uma árvore;
- Relógio Patek Philippe;
- Kit Ouro Branco (anel, abotoaduras, rosário islâmico e um relógio Rolex em ouro branco);
- Kit Ouro Rosé (caneta, anel, par de aboatudas, um rosário arábe e um relógio).
A investigação da PF identificou que a associação criminosa era composta pelo próprio presidente Jair Bolsonaro e por aliados diretamente ligados a ele:
- Bento Albuquerque — almirante e ex-ministro de Minas e Energia;
- Fabio Wajngarten — advogado e ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República;
- Frederick Wassef — advogado do ex-presidente;
- José Roberto Bueno Júnior — militar que enviou ofício para reaver joias;
- Julio Cesar Vieira Gomes — ex-secretário da Receita Federal;
- Marcelo Costa Câmara — ex-assessor do ex-presidente;
- Marcelo da Silva Vieira — chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República;
- Marcos André dos Santos Soeiro — ex-assessor do Ministério de Minas e Energia;
- Mauro Cesar Barbosa Cid — coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência da República;
- Mauro Cesar Lourena Cid — pai de Mauro Cid e chefe do escritório da Apex em Miami;
- Osmar Crivelatti — ex-assessor de Jair Bolsonaro.