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Bolsonaro indiciado: associação criminosa vendeu joias e incorporou dinheiro ao patrimônio do ex-presidente, diz PF

Inquérito da PF indicou que associação criminosa não usava bancos para evitar o rastreamento da origem ilícita do dinheiro

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pela Polícia Federal (PF) na última quinta-feira (4)

A Polícia Federal (PF) identificou a existência de uma associação criminosa formada por aliados de Jair Bolsonaro (PL) para desviar joias e peças valiosas do acervo da Presidência da República e incorporá-las ao patrimônio pessoal do ex-presidente. A informação consta no relatório da PF que levou ao indiciamento de Bolsonaro e onze aliados dele na última quinta-feira (4).

Nesta segunda (8), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo do inquérito e expôs as informações coletadas pela polícia durante a investigação. Ele deu um prazo de 15 dias para a Procuradoria-Geral da República (PGR) analisar o documento.

A associação criminosa é caracterizada pela reunião de três ou mais pessoas para cometer crimes. Segundo o inquérito da Polícia Federal, representantes do governo Bolsonaro representavam o então presidente no conchavo para desviar os presentes de alto valor dados por líderes de outros países ao Brasil.

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Os valores recebidos eram, ainda conforme a investigação, convertidos em dinheiro para o patrimônio pessoal de Bolsonaro. O grupo não usava o sistema bancário — transações convencionais, depósitos e saques, por exemplo — para impedir que a origem do dinheiro fosse rastreada.

A perícia da Polícia Federal constatou que as peças desviadas e negociadas pelo grupo valiam cerca de R$ 6,8 milhões. O valor de mercado, entretanto, é praticamente o quádruplo deste valor: R$ 25 milhões. Os objetos em questão foram dados à presidência brasileira pelos Emirados Árabes Unidos e pelo Reino do Bahreim; são eles:

  • Esculturas douradas de um barco e uma árvore;
  • Relógio Patek Philippe;
  • Kit Ouro Branco (anel, abotoaduras, rosário islâmico e um relógio Rolex em ouro branco);
  • Kit Ouro Rosé (caneta, anel, par de aboatudas, um rosário arábe e um relógio).

A investigação da PF identificou que a associação criminosa era composta pelo próprio presidente Jair Bolsonaro e por aliados diretamente ligados a ele:

  • Bento Albuquerque — almirante e ex-ministro de Minas e Energia;
  • Fabio Wajngarten — advogado e ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República;
  • Frederick Wassef — advogado do ex-presidente;
  • José Roberto Bueno Júnior — militar que enviou ofício para reaver joias;
  • Julio Cesar Vieira Gomes — ex-secretário da Receita Federal;
  • Marcelo Costa Câmara — ex-assessor do ex-presidente;
  • Marcelo da Silva Vieira — chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República;
  • Marcos André dos Santos Soeiro — ex-assessor do Ministério de Minas e Energia;
  • Mauro Cesar Barbosa Cid — coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência da República;
  • Mauro Cesar Lourena Cid — pai de Mauro Cid e chefe do escritório da Apex em Miami;
  • Osmar Crivelatti — ex-assessor de Jair Bolsonaro.

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Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.
É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Cearense criado na capital federal, tem passagens pelo Poder360, Metrópoles e O Globo. Em São Paulo, foi trainee de O Estado de S. Paulo, produtor do Jornal da Record, da TV Record, e repórter da Consultor Jurídico. Está na Itatiaia desde novembro de 2023.