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STF não atende pedido de Zema e começa a julgar prazo para pagamento da dívida de MG com a União

Ministros tem até a próxima semana para decidirem sobre liminar de Nunes Marques que concedeu 90 dias de prazo para que o governo de Minas volte a pagar a dívida

STF vai decidir, em plenário virtual, sobre adiamento do pagamento da dívida de Minas

O Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar, nesta sexta-feira (10), em plenário virtual, uma decisão liminar do ministro Nunes Marques que deu mais 90 dias de prazo para o governo de Minas Gerais retomar o pagamento das parcelas da dívida com a União. A cifra gira em torno de R$ 160 bilhões.

Nesta modalidade, os ministros apresentam seus votos sobre o assunto, mas não há, na maioria das vezes, divulgação do conteúdo de seus argumentos.

Até momento, dois magistrados já apresentaram seus votos: Nunes Marques e Alexandre de Moraes. O relator defendeu a manutenção do prazo de 90 dias como prazo para a retomada do pagamento das parcelas.

O governador Romeu Zema (Novo) pediu a Nunes Marques, na última quarta-feira (8), que retirasse a matéria da pauta e reforçou o argumento nesta quinta-feira (9), quando pediu que o ministro mediasse uma “negociação federativa” envolvendo o governo federal, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e o Congresso Nacional. Além disso, Zema diz que o estado se comprometeria a voltar a pagar as parcelas da dívida — em um montante de R$ 320 milhões até o final do ano — a partir de julho.

Por sua vez, a Advocacia-Geral da União (AGU), que representa o governo Lula, opinou pela manutenção do julgamento e pede que o Estado volte a pagar as cifras devidas ainda neste mês.

O ministro Nunes Marques não se manifestou sobre o pedido de Zema a tempo e, com isso, o julgamento da ação foi iniciado no plenário virtual. Os demais 10 ministros tem uma semana para decidirem sobre o assunto.

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O Governo de Minas e a Advocacia-Geral da União tem se enfrentado, nos autos do processo sobre a dívida do estado. O imbróglio se arrasta desde o ano passado. Em 13 de dezembro, atendendo a um pedido do governador Romeu Zema, o ministro Nunes Marques concedeu mais 120 dias de carência para a retomada dos pagamentos — suspensos por inúmeras liminares de ministros do Supremo desde o final de 2018.

A data-limite era 20 de abril e, na véspera do término do prazo, o ministro adotou um meio termo em um novo pedido de adiamento: Zema queria mais 180 dias e a AGU, cerca de 40 dias. Nunes Marques concedeu mais três meses de prazo.

O governo Lula recorreu da decisão e cobrou do STF que determine à gestão Zema a imediata retomada do pagamento da dívida, alegando que a postergação, via judicial, criaria uma situação de benefício ao governo mineiro em relação aos demais entes da federação que também são devedores.

Enquanto o assunto se arrasta no Judiciário, uma negociação envolvendo o Congresso Nacional é negociada em Brasília. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) apresentou uma proposta alternativa ao Regime de Recuperação Federal (RRF), envolvendo o abatimento do estoque da dívida por meio da federalização de empresas estatais mineiras. Por sua vez, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sinalizou que o governo federal estaria disposto a baixar a taxa de juros caso os estados se comprometessem em investir no ensino técnico. Ainda não há um projeto formalizado sobre o assunto, que deverá ser analisado por deputados e senadores.


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Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.