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Zema quer encontro com Lula em BH: ‘Irei recebê-lo bem e passar os problemas de Minas’

Governador disse que, caso seja ‘persona non grata’ para o presidente, pode delegar função ao vice, Mateus Simões, ou ao secretário de Governo, Gustavo Valadares

Zema faz planos para possível conversa com Lula nesta semana

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse, nesta segunda-feira (5), que pretende “receber bem” o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a visita do chefe do Executivo federal a Belo Horizonte. Zema afirmou que pretende utilizar a agenda de Lula no estado, na quarta-feira (7), para levar a ele demandas como a busca por uma solução para a dívida pública contraída junto à União, bem como melhorias em rodovias federais e a necessidade de um acordo de reparação às perdas causadas pela tragédia de Mariana, em 2015.

“Lula estará em Belo Horizonte nesta quarta-feira. Irei recebê-lo bem. Irei passar os problemas de Minas Gerais. Vejo que, apesar de eu não ter concordância com ele, respeito é bom em todo lugar”, garantiu, ao programa “Pânico”, da Jovem Pan.

Zema disse ter se encontrado com Lula em três ocasiões diferentes, como a reunião de governadores ocorrida em 9 de janeiro do ano passado, um dia depois dos ataques antidemocráticos em Brasília (DF). Segundo ele, ainda não houve a oportunidade de uma reunião reservada com o petista.

“O que quero mostrar para o presidente — não é nenhum segredo — são pautas importantíssimas para Minas Gerais. Inclusive, já deixei claro que se ele se sentir desconfortável em conversar comigo, o vice (Mateus Simões, do Novo) ou o secretário de Governo (Gustavo Valadares, do PMN) podem conversar com ele. Talvez minha persona seja non grata a ele, mas precisamos cuidar dos mineiros”, continuou.

Segundo apurou a Itatiaia, a equipe do Palácio do Planalto já sinalizou, ao gabinete de Zema, a intenção de tê-lo como um dos convidados do evento previsto para acontecer em BH. A solenidade, que terá a participação de ministros de Estado, servirá para o presidente fazer uma espécie de “prestação de contas” sobre ações em Minas Gerais.

Interlocutores de Zema acreditam na possibilidade de aceite do governador ao convite presidencial. O martelo, no entanto, ainda não foi batido.

A expectativa é que o evento aconteça no MinasCentro, na Região Central de Belo Horizonte. A plateia deve ter cerca de 800 lugares, preenchidos por lideranças sociais e empresariais do estado. Representantes do PT e de partidos aliados ao governo também vão marcar presença.

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Dívida de Minas em pauta

Citada por Zema como um dos pontos de atenção na relação com o Planalto, a dívida de Minas com a União gira em torno de R$ 160 bilhões. A equipe técnica do Tesouro Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, analisa proposta de amortização do valor, apresentada pelo presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O pacote consiste, por exemplo, na federalização de empresas estatais mineiras, como a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), cuja privatização é citada no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), encampado pela equipe de Zema no ano passado como alternativa aos problemas fiscais.

Nesta segunda, Zema disse esperar que Pacheco consiga “sensibilizar” o Congresso a respeito da necessidade de renegociar a dívida mineira.

“Minas Gerais já é vitoriosa em uma série de ações contra a União - e teria créditos que poderiam abater o valor da dívida, o que seria muito interessante”, apontou o governador, em menção a um dos pontos a compor a estratégia traçada por Pacheco para viabilizar o refinanciamento do passivo.

Tragédia de Mariana

O governo de Minas reivindica, ainda, velocidade do governo federal nas tratativas com Vale, Samarco e BHP Billiton por um acordo de reparação pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana.

“Depois de oito anos, ninguém recebeu nada. (Em) Brumadinho, com dois anos e meio, já tínhamos feito a solução de ressarcir os atingidos e os que foram afetados. Em Mariana, temos 70 mil pessoas que ficaram sem água por causa da tragédia — o Rio Doce ficou poluído — e, até hoje, não receberam nenhuma compensação por isso. Um governo que se diz social precisa resolver isso rapidamente —, hoje, e depende muito do governo federal, para solucionarmos essa questão”, pregou Zema.

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Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.