O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, defendeu a atuação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) na Guerra entre Israel e Hamas. Em reunião do Conselho, Vieira afirmou que a entidade tem uma responsabilidade crucial na resposta imediata à evolução das crises humanitária e de reféns.
“Grande parte da reputação das Nações Unidas depende da sua abordagem à crise em curso”, disse Vieira. “Este Conselho deve estar à altura do desafio que temos pela frente. Provavelmente seremos julgados – e considerados culpados – pelas gerações futuras pela nossa inação e complacência”, acrescentou.
O encontro discutiu a escalada do conflito entre Israel e Hamas, no Oriente Médio, iniciada no último dia 7 de outubro após o ataque do grupo Hamas contra Israel. Atualmente, o Conselho é presidido pelo Brasil, que viu a proposta costurada pela diplomacia brasileira ser vetada pelos Estados Unidos na última semana.
Vieira lembrou que, desde 2016, o Conselho não consegue aprovar uma resolução sobre a situação do conflito entre israelenses e palestinos. “Estratégias obstrutivas têm impedido a tomada de decisões cruciais sobre a paz e a segurança internacionais”, lamentou.
O representante do governo brasileiro na ONU reforçou que o Brasil condena os atos de terrorismo contra civis em Israel e fez um apelo para libertação imediata e incondicional dos reféns civis. Ao mesmo tempo, Vieira afirmou que a escalada da violência em Gaza é inaceitável e citou o bombardeio de infraestruturas civis, que resultou na destruição de 42% das habitações na Faixa de Gaza.
“Não podemos tolerar a perda de mais de 2 mil crianças palestinas”, disse Vieira. “Como potência ocupante, Israel tem a obrigação legal e moral de proteger a população local ao abrigo do direito humanitário internacional. Os recentes acontecimentos em Gaza são particularmente preocupantes, incluindo a chamada ‘ordem de evacuação’, que está conduzindo a níveis de miséria sem precedentes para pessoas inocentes”, destacou.
Vieira ainda pediu adesão estrita ao direito internacional e defendeu a solução de dois Estados na região. O ministro brasileiro ainda destacou que a manutenção da ocupação da Cisjordânia é ilegal e acaba por minar as perspectivas de paz.
“Israel deve parar todas as atividades de colonização nos territórios palestinos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental”, disse Vieira. “A diferença de tratamento em relação aos colonos e aos habitantes locais é inaceitável. A expansão atual e projetada praticamente elimina a viabilidade de um futuro Estado palestino e gera violência e ódio”, acrescentou.