A Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) voltou a defender a aplicação imediata do direito antidumping sobre as importações de malhas de poliéster da China. Segundo o
“Todo um país que recebe o dumping, está em um primeiro momento se beneficiando de adquirir algo a um preço mais barato do que custa, mas depois ele vai pagar muito mais caro, porque quem está fazendo isso está fazendo com o intuito de tomar aquele mercado, depois que não tiver mais concorrência, sobe-se o preço. No caso da malha de poliéster, que a gente vem defendendo que o governo aplique à medida que tecnicamente já foi apurada pelo próprio governo, o caso é muito claro”, disse, explicando que o país asiático pratica preços no Brasil que são muito inferiores ao comercializado em outros mercados.
“A China vende esse mesmo produto para o resto do mundo a US$ 7,20, para o Brasil, no período analisado do processo, está vendendo no período final a US$ 2,20, ou seja, está vendendo US$ 5 mais barato para outros mercados do que para o Brasil, com o objetivo de destruir a produção brasileira. Então hoje a produção brasileira poderia vender esse produto a US$ 2,70, US$ 2,80, ela está sendo dizimada, porque o concorrente importado está vendendo a US$ 2,00. Vai matar a indústria brasileira - desse segmento - e logo depois o chinês vai subir o preço, e com isso toda a sociedade brasileira vai passar a pagar perpetuamente um preço muito mais alto”, disse.
Lobby paralisa análise
De acordo com o presidente da FIEMG, o processo de análise do antidumping no Ministério do Desenvolvimento já deveria ter sido concluído, mas foi prorrogado duas vezes. Ele atribui a demora à pressão de importadores e entidades varejistas que se posicionam contra a medida.
“Está tendo muita pressão dos importadores, que, óbvio, não querem que o seu negócio diminua, sendo que eles vêm avançando nesse segmento em função do baixo preço que a China vem praticando.”, afirmou.
A FIEMG reforça que o antidumping é um instrumento previsto pelas regras internacionais e não se trata de proteção de mercado, mas de garantir concorrência leal. Para a entidade, a não aplicação da medida coloca em risco toda a cadeia têxtil brasileira.
“Prática desleal de comércio, todos nós devemos combater, e dumping é prática desleal de comércio”, finalizou Roscoe.