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Senado priorizará PL para renegociar dívidas de estudantes com o Fies

Com o Desenrola Brasil enviado à sanção do presidente Lula (PT), Senado priorizará projetos que miram o Fies e a lei de cotas

Senador Rodrigo Cunha

Diante da aprovação dos Projetos de Lei (PL) do marco temporal e do Desenrola Brasil, enviados à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Senado priorizará as discussões sobre as propostas que visam a melhoria na política de cotas e a renegociação de dívidas de alunos contraídas com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). À imprensa, após a aprovação do Desenrola nesta segunda-feira, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que os programas para melhoria na qualidade de vida da população brasileira serão prioridades para os senadores, apesar da ameaça de obstrução das votações apresentada pela oposição em retaliação ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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“Propostas dessa natureza, que visem equacionar realidades ruins, vindas do governo ou não, obviamente haverão de ter preferência no Senado Federal. Teremos toda a atenção com isso [renegociação de dívidas do Fies], assim como também nos dedicaremos ao projeto que veio da Câmara dos Deputados, sobre as cotas”, listou Rodrigo Pacheco. "É uma prioridade vê-lo apreciado rapidamente [discussão sobre as cotas]. Obviamente temos sensibilidade para causas sociais. O Senado busca contribuir com o governo nas pautas em prol do Brasil”, garantiu.

Renegociação de dívidas do Fies. O relator do Projeto de Lei (PL) do Desenrola Brasil no Senado Federal, Rodrigo Cunha (Podemos-AL), afirmou após a aprovação da matéria nesta segunda-feira que produzirá nos próximos dias uma proposta para renegociação das dívidas do Fies — a exemplo do próprio Desenrola. Ele indicou que o assunto já foi discutido com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). “Nossa expectativa é de dedicação total para ainda nesta semana termos um texto exequível e dialogável com o governo, e que aqui [no Senado] tenha celeridade e contribuições para o aprimoramento”, afirmou.

Ainda segundo Cunha, o projeto tramitará em rito de urgência no Congresso Nacional. “Ele terá prioridade absoluta, e todas as discussões serão dadas antes da apresentação do projeto para dirimir as arestas, para o objetivo da renegociação das dívidas ser alcançado ainda neste embalo do Desenrola”, declarou.

O assunto não é novo no Legislativo. Em agosto começou a tramitar na Casa uma proposta apresentada por Cleitinho (Republicanos-MG) e que previa o perdão das dívidas do Fies para os estudantes endividados. O Projeto de Lei (PL) coube à relatora Professora Dorinha Seabra (União-TO) e ainda precisava ser discutido na Comissão de Educação, Cultura e Esporte. Em setembro, a Câmara dos Deputados aprovou e enviou ao Senado outro projeto de lei sobre o assunto: a medida propunha parcelamentos especiais para alunos com dívidas do Fies, que receberiam descontos entre 12% e 99%.

A discussão sobre a renegociação de dívidas pelo Fies ganhou força, entretanto, após uma conversa entre o relator do Desenrola e o ministro Fernando Haddad. Cunha, inicialmente, condicionou a aprovação do PL do Desenrola à inclusão dos estudantes endividados com o Fies no programa; entretanto, a solução encontrada para atender as duas partes foi aprovar o Desenrola antes que ele caducasse e apresentar uma nova proposta nos moldes da primeira para a renegociação dos alunos.

Aprimoramento da lei de cotas. A Comissão de Direitos Humanos (CDH) aprovou em agosto o Projeto de Lei que aprimora a política de cotas do Governo Federal. O relator da medida é o senador Paulo Paim (PT-RS), e, segundo Rodrigo Pacheco, esta será outra das prioridades da Casa para as próximas semanas. A proposta de autoria da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) diminui para um salário mínimo a renda per capita familiar do estudante candidato à política de cotas que cursou o ensino médio em escola pública, prevê a inclusão de quilombolas nas cotas para universidades e institutos federais e prioriza os cotistas para o recebimento de auxílios estudantis.

A proposta foi aprovada pela Câmara dos Deputados no início de agosto e garante que a política de cotas será revisada a cada dez anos pelo Congresso Nacional.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.