A apuração da Polícia Federal (PF) que levou à
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O analista de cybercrimes foi o responsável por fazer o boletim de inteligência com dados de votos do primeiro turno das eleições do ano passado entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, em depoimento à PF, o pedido para fazer o relatório partiu da chefia imediata dele, a diretora Marília Alencar, que ele “estranhou” a demanda, por isso procurou a PF.
Segundo Marília, à PF, o objetivo do documento, a pedido de Torres, era apurar um indicativo de compra de votos nas regiões com alta votação. A ex-diretora contou que pediu que a planilha fosse “extraída, impressa e entregue” e afirma que apresentou o documento a Torres “numa reunião na qual também estavam presentes outros servidores”.
Marília acredita que Torres ficou com a planilha, que eram “páginas envolvendo ambos os candidatos”.
O boletim feito pela Inteligência do MJ mostrava as cidades onde Lula e Bolsonaro tiveram mais de 75% dos votos no primeiro turno das eleições do ano passado. O relatório foi entregue ao então ministro Torres, mas, segundo ele, também em depoimento, não “passou para frente” e que não foi usado.
Outro documento também foi feito pela PRF e apresentado a Torres nesta mesma reunião.
Torres nega que tenha interferido nas eleições, que tenha usado os documentos elaborados e mantém o discurso de que a PRF tinha autonomia.
Com base nesses relatórios, a PF investiga se foram direcionadas blitze no Nordeste para impedir a votação de eleitores nos locais onde Lula teria vantagem.
Com base nos depoimentos de mais de dez pessoas desde janeiro, a PF reuniu elementos para deflagrar a operação desta quarta-feira pela PF.
Prisão de Silvinei
O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi preso pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (9), em Santa Catarina, na investigação sobre interferência no segundo turno das eleições de 2022.
Ele comandava a corporação à época. Detido em Florianópolis, Silvinei será transferido para Brasília.
A prisão do ex-diretor-geral ocorreu no âmbito da Operação Constituição Cidadã, que ainda cumpre 10 mandados de busca contra ex-diretores e o ex-corregedor da PRF, em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte.
A operação também contou com o apoio da Corregedoria-Geral da PRF, que determinou também a oitiva de 47 policiais rodoviários federais.
Segundo a PF, os fatos investigados na operação “configuram, em tese, os crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal Brasileiro, e os crimes de impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio e ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato, do Código Eleitoral Brasileiro”.