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Pacheco diz que Congresso não abre mão do teto de gastos, mas que reação do mercado foi ‘desproporcional’

Presidente do Senado comentou sobre declaração do Lula, que foi mal recebida pelo mercado financeiro

Pacheco participou de evento com empresários e investidores no Rio de Janeiro

O presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou neste sábado (12) que o Congresso Nacional não abre mão do teto de gastos. A declaração foi dada durante o evento “YPO Family Seminar2022", no Rio de Janeiro, a uma plateia de empresários e investidores.

Pacheco disse que o teto de gastos é uma “conquista consolidada no país” e que a estabilidade fiscal é “fundamental para permitir às pessoas das camadas mais pobres que tenham um futuro melhor”.

“Eu quero afirmar, do alto da cadeira do Senado Federal e do Congresso Nacional, que responsabilidade fiscal e estabilidade fiscal são conquistas do Brasil de anos atrás, e que nós não podemos abrir mão, e o Congresso Nacional não abrirá mão disso. A estabilidade fiscal é fundamental para inclusive permitir às pessoas as camadas mais pobres que tenham um futuro melhor”, afirmou

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O debate sobre o teto de gastos ganhou corpo nesta semana por conta de uma declaração do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após encontro com integrantes da equipe de transição e deputados de partidos aliados, o petista criticou o teto de gastos ao dizer que seu governo teria como meta garantir que cada brasileiro tivesse o direito a fazer três refeições por dia.

“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social do país?”, questionou Lula na ocasião.

A declaração provocou efeitos no mercado financeiro que, no mesmo dia, reagiu com queda de 4% no índice da Bolsa de Valores e alta de mais de 4% no preço do dólar frente ao real - que chegou a fechar próximo dos R$ 5,40.

Reação exagerada

Para Pacheco, no entanto, a reação do mercado à declaração do futuro presidente foi desproporcional.

“Quando agora o presidente eleito afirma que existirá o teto de gastos e ele será relativizado para o programa social, especificamente, considero que há, inclusive, uma conquista. E é a compreensão desse novo governo de que teto de gasto vai existir no nosso ordenamento jurídico, vai ser mantido na Constituição Federal”, defendeu.

O presidente do Senado relembrou ações do atual governo, do presidente Jair Bolsonaro (PL), que precisou executar gastos fora do teto durante a pandemia para garantir o pagamento do auxílio emergencial a famílias em situação de pobreza e extrema pobreza.

“Quando enfrentamos uma crise incomum, como foi na pandemia, inusitada e severa, o Congresso apoiou a relativização do teto e chamou para si a responsabilidade em criar medidas úteis para a sociedade naquele momento de crise”, afirmou. “Mas é preciso encontrar um caminho para continuar a enfrentar os desafios desse momento de transição e seguiremos com o compromisso de permitir que haja espaço fiscal tanto para os programas sociais quanto para investimentos de outras coisas no Brasil. É isso que está sendo gestado e que vamos discutir no Congresso Nacional”, destacou.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.