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‘Mercado fica nervoso à toa’, diz Lula após dia de queda da Bolsa e alta do dólar

Presidente eleito fez comentário após declaração que causou mal estar no mercado financeiro

Em discurso, Lula disse que colocou como prioridade, novamente, o combate à fome no país

Interpelado por jornalistas ao deixar o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, na tarde desta quinta-feira (10), onde funciona o gabinete da equipe de transição, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou os efeitos do mercado financeiro a uma declaração dada mais cedo por ele sobre o teto de gastos e a estabilidade fiscal.

A Ibovespa, Bolsa de Valores de São Paulo, fechou o dia em queda de 4,46%, com perda de 5 mil pontos. O dólar comercial fechou a R$ 5,399, uma alta de 4,2%.

“O mercado fica nervoso à toa, nunca vi um mercado tão sensível quanto o nosso. É engraçado porque esse mercado não ficou nervoso com quatro anos do Bolsonaro”, criticou Lula ao fim de um dia de reuniões junto à equipe de transição.

Lula chora em reunião com equipe de transição: ‘Jamais imaginei que a fome voltaria no país’

A fala faz referência à reação do mercado financeiro a declarações do ex-presidente na manhã de hoje, que relativizou o teto de gastos e a estabilidade fiscal.

“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social do país?”, questionou Lula.

Na sequência, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou os nomes de mais 36 integrantes da equipe de transição do novo governo. Entre eles, está o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, que fará parte da área técnica do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Questionado por jornalistas durante uma entrevista coletiva, Alckmin defendeu as declarações do petista.

“Lula já foi Presidente da República, assumiu o governo com uma dívida sobre o PIB de 60% e, quando transferiu o governo, era menos de 40%. E teve resultado primário em todos os anos. Se alguém teve responsabilidade fiscal foi o governo Lula”, defendeu Alckmin, que coordena a equipe de transição.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.