O ano de 2024 selou um destino em comum para dois apresentadores de TV: José Luiz Datena e Mauro Tramonte deixaram seus empregos para se dedicarem a uma empreitada inédita, serem candidatos a prefeito de suas cidades.
Datena deixou o Brasil Urgente, da TV Band no fim de junho para se dedicar à campanha eleitoral. Primeiramente, filiou-se ao PSB para ser vice de Tabata Amaral à Prefeitura de São Paulo. Mas, à medida em que seu nome começara a aparece bem colocado nas pesquisas de intenção de voto mudou de planos, filiou-se ao PSDB após um convite de Aécio Neves e se lançou como cabeça de chapa.
Na capital mineira, Mauro Tramonte deixou a apresentação do programa Balanço Geral, da Record Minas, onde aparecia, diariamente, há 16 anos. Deputado estadual desde 2018, o apresentador também se deslumbrou com os números das pesquisas eleitorais e se lançou à disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte.
Logo no começo da campanha, conseguiu um feito curioso, colocando no mesmo palanque o partido Novo, do governador Romeu Zema, e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil — adversários nas eleições para o Governo de Minas em 2022.
O começo da campanha foi promissor para ambos. Mas o que se viu é que tanto Datena como Tramonte seguiram o destino de um outro apresentador que também se aventurou nas eleições majoritárias: Celso Russomanno.
Datena: ponto alto foi cadeirada
Pesquisa Quaest de 30 de julho colocava Datena empatado com Guilherme Boulos (PSOL) e a apenas dois pontos de Ricardo Nunes (MDB), que liderava a corrida. Ao longo das semanas, no entanto, o apresentador foi definando e chegou neste sábado (5) a inexpressivos 3% das intenções de voto. Nas urnas, o desempenho foi ainda pior. Com 100% das urnas apuradas, José Luiz Datena angariou 112.344 votos, o equivalente a 1,84% do total, fechando a disputa na quinta posição.
O ponto alto de Datena na campanha foi a “cadeirada” em seu adversário, Pablo Marçal (PRTB) durante um debate com candidatos a prefeito.
Tramonte liderou até antevéspera das eleições
No caso de Tramonte, o otimismo durou mais. O candidato do Republicanos liderou a corrida eleitoral em Belo Horizonte até a última semana, mas as pesquisas indicavam, na véspera do pleito, uma tendência de queda. Em 28 de agosto, o deputado marcou 30% das intenções de voto, também segundo pesquisa Quaest.
Sua diferença para Duda Salabert (PDT) e Bruno Engler (PL) era de 18 pontos. No dia 5 de outubro, o retrato era outro: Engler liderava o cenário eleitoral com 30% dos votos válidos e Fuad Noman (PSD) aparecia em segundo, com 25% das intenções de voto. Tramonte aparecia com 20%.
Com a abertura das urnas, o “tombo” ficou ainda maior. Mauro Tramonte encerrou o pleito na terceira posição com 15,22%, mais de 10 pontos atrás do segundo colocado, o prefeito Fuad Noman.
‘Efeito Russomanno’
Tanto Datena como Tramonte foram vítimas do chamado ‘efeito Russomanno’, para citar outro apresentador de TV que disparou nas pesquisas mas teve um desempenho eleitoral aquém do prometido.
Até a antevéspera das eleições de 2020, o apresentador da Record de São Paulo aparecia ora na liderança das pesquisas para a prefeitura da capital paulista e chegou a pontuar 28% em um levantamento XP/Ipespe de meados de outubro. No entanto, Russomanno acabou a disputa na quarta colocação, com 10,5% dos votos válidos.