Ouvindo...

PL que pode baixar passagem de ônibus trava na Câmara de BH; entenda novo impasse

Texto sobre subsídio de R$ 512,8 milhões a empresas de coletivos seria votado nesta terça (23), mas questionamentos de permissionários dos ‘amarelinhos’ adiou análise

Reivindicações de permissionários dos ‘amarelinhos’ trava tramitação de PL sobre subsídio

A primeira votação do projeto que concede subsídio às empresas de ônibus de Belo Horizonte, prevista para ocorrer nesta terça-feira (23) na Comissão de Legislação e Justiça (CLJ) da Câmara Municipal, acabou adiada. Um acordo entre os vereadores do comitê fez com que a análise do Projeto de Lei (PL) visto como saída para baixar as tarifas fosse postergada em uma semana. A decisão foi tomada em virtude de impasse em torno de reivindicações feitas por permissionários dos coletivos suplementares — os “amarelinhos”.

A votação do subsídio na CLJ foi remarcada para a terça-feira (30). Na lista de pedidos dos responsáveis pelos micro-ônibus, está, por exemplo, saber o tamanho da fatia destinada a eles no aporte de R$ 512,8 milhões repassado aos concessionários do sistema de coletivos. No início do mês, eles sinalizaram, ao poder Executivo, o desejo de ficar com 15% do total entregue aos empresários.

Nessa segunda-feira (22), o relator do projeto de subsídio na CLJ, Irlan Melo (Patriota), indicou a intenção de inserir emendas ao texto original. Ele chegou, inclusive, a garantir que a votação no comitê aconteceria nesta terça-feira. A rota, porém, foi modificada.

“O que a gente quer é diálogo - e não estamos tendo isso. O sistema (suplementar) não aceita colocar emendas (ao projeto) sem saber se a prefeitura topa - ou não”, disse o vereador, à Itatiaia.

Há um mês, é necessário pagar R$ 6 para embarcar nos coletivos — aumento de 33% aos R$ 4,50 anteriormente vigentes. O valor vale tanto para os ônibus convencionais quanto para os micro-ônibus.

Além de uma parcela do dinheiro repassado ao sistema convencional de coletivos, os gestores dos suplementares querem, por exemplo, a possibilidade de poder trafegar na Avenida do Contorno. A entrada dos micro-ônibus nas estações do Move e do metrô belo-horizontino também foram pedidas.

Segundo Irlan Melo, não houve resposta a nenhum dos questionamentos feitos pelos permissionários dos micro-ônibus. “Poderíamos dar andamento ao projeto hoje. Adiamos em uma semana porque, infelizmente, não tivemos retorno — que foi tentado de todas as formas”, protestou.

A Itatiaia procurou a Prefeitura de Belo Horizonte para obter comentário a respeito do impasse em torno dos ônibus suplementares. Se houver resposta, este texto será atualizado.

Junho pode ser mês decisivo

Antes do adiamento da votação na CLJ, interlocutores do Legislativo e da prefeitura, ouvidos sob reservas pela Itatiaia, diziam crer na possibilidade de o PL do subsídio ser definitivamente aprovado em junho.

Depois que o texto passar pelo colegiado de Legislação e Justiça, vão haver debates em outros comitês temáticos da Câmara e a votação em primeiro turno pelo conjunto de 41 vereadores. No segundo turno, o decisivo, nova rodada de análises nas comissões e outra votação em plenário.

É no segundo turno, aliás, que o subsídio de R$ 512,8 milhões vai entrar em pauta. Isso porque o valor está presente em emenda apresentada na semana passada pelo presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido), após acerto com Fuad Noman. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) concordou com as cifras propostas.

No primeiro turno, segundo o regimento interno da Câmara, é preciso apreciar a versão do projeto, que prevê o aporte de R$ 476 milhões no modal rodoviário.

Em que pese as conversas em torno do subsídio e o desejo de lideranças da Câmara de BH de usar o projeto em tramitação como trampolim para fazer a passagem voltar a R$ 4,50, o Executivo municipal adota cautela. O chefe da Superintendência de Mobilidade do Município de BH, André Dantas, afirma que o novo valor das passagens vai depender de estudos técnicos.

“A prerrogativa de definir a tarifa pública é do Executivo - no caso, o prefeito, que tem de avaliar muitas condicionantes. Não só a vontade política. A gente tem feito várias simulações e cada uma delas aponta para um impacto no orçamento da prefeitura. O prefeito vai julgar o que é melhor para a cidade. É papel dele. Temos de aguardar essa definição”, assinalou.

Suplementares comemoram adiamento

O adiamento da votação na Comissão de Legislação e Justiça foi visto com bons olhos por representantes dos suplementares, que foram à Câmara nesta terça-feira cobrar participação nas conversas sobre o transporte na capital mineira. Os motoristas de táxi-lotação também querem ser considerados na equação.

“Para nós, o melhor é a manutenção da passagem a R$ 6 até que a Câmara consiga discutir, com o Executivo, uma melhor forma de fazer o subsídio”, falou Júlio César Guimarães, presidente do Sindicato dos Permissionários Autônomos do Transporte Suplementar de Passageiros do Município de Belo Horizonte (Sindpautras)

Tem mais de 27 anos de experiência jornalística, como gestor de empresas de comunicação em Minas Gerais. Já foi editor-chefe e apresentador de alguns dos principais telejornais do Estado em emissoras como Record, Band e Alterosa, além de repórter de rede nacional. Foi editor-chefe do Jornal Metro e também trabalhou como assessor de imprensa no Senado Federal, Tribunal de Justiça de Minas Gerais e no Sesc-MG. Na Itatiaia, onde está desde abril de 2023, André é repórter multimídia e apresentador.
Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.