Cinco semanas depois que apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadiram, depredaram e saquearam as sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em Brasília, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que o ex-presidente deveria ter contido e não inflamado “extremistas”.
O senador concedeu entrevista exclusiva à Itatiaia nesta quarta-feira (15), em que falou sobre as críticas do presidente Lula ao Banco Central, reforma tributária, prioridades de Minas Gerais para os próximos anos e a interlocução entre Lula e Zema.
“O presidente Bolsonaro, pela grande liderança que construiu, tinha que ter tido a responsabilidade de conter essa camada extremista e criminosa”, afirmou Pacheco. “Se houvesse gestos, exemplos e um comportamento de contenção e não de inflamar essas pessoas, ele teria prestado uma grande contribuição ao país”, completou o presidente do Senado.
“Mas o que vimos fomos pessoas questionando as urnas eletrônicas e depois foram às ruas para praticar crimes”, disse, referindo-se aos atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Questionado, Pacheco evitou dar sua opinião se o ex-presidente Bolsonaro deveria ser preso por apoio aos atos violentos.
"É importante que quem dê essa resposta seja a autoridade competente. A resposta sobre a participação dele ou não, deve ser dada pela Justiça”, limitou-se a dizer.
CPI do 8 de janeiro
Pacheco também disse que os órgãos de investigação e o Judiciário estão agindo rapidamente para criminalizar os responsáveis pelos atos de 8 de janeiro, mas não descartou que o Senado abra uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o assunto.
“Esses atos de 8 janeiro não foram só antidemocráticos, foram também criminosos e devem ser tratados como tais. Há uma concentração de forças em Brasília com esforço forte para punir, de maneira exemplar, essas pessoas”, afirmou.
Sobre a abertura de uma CPI, Pacheco disse que o tema deve ser debatido pelos senadores após o Carnaval.
“A CPI é um instrumento a favor do Legislativo para apurar os acontecimentos. Nesses casos [relacionados a 8 de janeiro], a Polícia Legislativa, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, a PGR, o Poder Judiciário, o STF estão agindo e agindo muito rápido. Mas isso não afasta a possibilidade da abertura de uma CPI. Havendo fato determinado, como me parece que há, e cumprindo os requisitos havendo número regimental de assinaturas, é possível instalar a CPI”, afirmou.