Ouvindo...

Tarifa zero pode reduzir a inflação em Belo Horizonte, diz estudo da UFMG

Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead) mostra que gratuidade universal no modal pode até causar deflação no índice de preços

Estudo da UFMG simulou o impacto da tarifa zero na inflação de 2022, 2023 e 2024

Uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead), fundação vinculada a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), revela que a gratuidade universal do transporte público em Belo Horizonte poderia neutralizar a inflação. A simulação divulgada nesta sexta-feira (3) leva em conta o índice de preços ao consumidor regional dos últimos três anos.

Em todos os casos, os cálculos mostram que a tarifa zero teria causado deflação na capital mineira. Em 2022, ano em que a tarifa convencional custava R$ 4,50, a inflação era de 6,27% em BH. Segundo o estudo, a tarifa zero poderia causar uma redução de 7,41 ponto percentual (p.p) no índice, causando uma deflação de 1,14%.

Em 2023, quando houve o primeiro reajuste da tarifa após cinco anos de congelamento, e a passagem chegou em R$ 5,25, a inflação do ano medida pelo Ipead foi de 5,57%. Nesse caso, os efeitos da tarifa zero causariam uma redução de 7,37 p.p, e uma deflação de 1,8%.

No ano passado, quando houve um reajuste de 15,12% no preço da passagem de ônibus, a inflação foi medida a 7,34%. Com a gratuidade universal no transporte, haveria uma queda de 8,04 p.p no índice de preço, resultando em deflação de 0,7%.

Cabe lembrar que a inflação é medida pelo aumento na média de preços de uma cesta de produtos. Os mais importantes no orçamento das famílias, que são usados com maior regularidade, possuem uma relevância maior. Nesse caso, o transporte público tem um dos maiores pesos no índice.

“Consequentemente, as famílias teriam o seu poder de compra ampliado substancialmente. Este grande impacto no bolso das famílias de menor renda se deve ao fato de que passagens de ônibus é o item que tem o maior peso no custo de vida destas famílias”, explicou Renato Mogiz, superintendente do geral do Ipead.

Entidades empresariais contestam o projeto

Nesta sexta, a Câmara Municipal de Belo Horizonte vai votar um projeto que pode instituir a gratuidade no transporte. O chamado PL da Tarifa Zero seria implementado de maneira gradual, financiando o modal com uma taxa a ser paga por empresas com mais de nove funcionários, acabando com o atual vale transporte.

Um estudo apresentado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), na segunda-feira (1º), mostra que as empresas poderiam perder mais de R$ 3,1 bilhões em faturamento. Além disso, o levantamento aponta que 55 mil postos de emprego podem ser perdidos.

Nessa quinta-feira (2), a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) divulgou uma nota recomendando voto contrário dos vereadores ao projeto. A entidade, que representa cerca de 13 mil empresas do setor de comércio e serviços na cidade, entende que o projeto requer “uma análise mais aprofundada” e afirma que aumentar a carga tributária das empresas pode “desestimular” novos negócios na cidade.

Leia também

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.