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Tarifa Zero vai a votação na Câmara de BH em meio a impasse entre vereadores e prefeitura

Texto que quer gratuidade total nos ônibus da capital mineira será apreciado em Plenário nesta sexta-feira (3)

Ônibus em Belo Horizonte

A Câmara Municipal de Belo Horizonte vota, nesta sexta-feira (3), o projeto de lei que pretende criar a gratuidade total da passagem de ônibus em Belo Horizonte. A proposta é polêmica, e provoca uma discussão entre defensores da ideia, prefeitura, comerciantes, usuários do transporte e representantes de empresas sediadas na capital.

De um lado, vereadores que apoiam a projeto afirmam que o atual modelo de financiamento do transporte público é ineficiente, e que quanto mais aumenta a passagem de ônibus, menos gente pode pagar. Argumentam ainda que, se há menos usuários no transporte, a tarifa precisa subir para compensar a perda financeira. E por isso, afirmam que assim o subsídio se torna cada vez mais necessário, e hoje já custeia boa parte a operação do sistema de transporte público.

Por isso, os parlamentares sugeriram que o sistema seja bancado por empresas de Belo Horizonte que tenham 10 ou mais funcionários, que pagariam a Taxa do Transporte Público (TTP) como forma de financiamento do Fundo Municipal de Melhoria da Qualidade e Subsídio ao Transporte Coletivo (FSTC), que seria a forma de garantir que o trabalhador não pagasse a passagem, e a tarifa fosse gratuita.

Entretanto, a Prefeitura critica a proposta, e diz que a ‘tarifa zero’ e a criação do tributo são insustentáveis, de modo que empresas podem deixar a capital, e assim, se livrar da nova taxa.

Críticas também chegaram de setores que representam comerciantes e empresas na capital. Enquanto a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL/BH), diz que a discussão deve ser mais aprofundada e sem transferência de novos custos ao setor produtivo, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) apresentou um estudo dizendo que o projeto de lei pode causar prejuízo financeiro bilionário às empresas e desemprego.

Base orientada a votar contra

A indicação da prefeitura é pedir para que a base de governo vote contra a proposta. Em entrevista à Itatiaia em julho, o secretário de governo da prefeitura, Guilherme Daltro, declarou que a tarifa zero só sairia do papel com aporte federal, estadual, ou com um novo marco do transporte público. Com verba da prefeitura, ou com taxas ao comércio, a proposta não tem aplicabilidade.

O secretário diz ainda que a prefeitura elogia a iniciativa e diz estar de portas abertas para debater o tema, mas que o posicionamento continua sendo pela reprovação, com orientação da base de vereadores da prefeitura para rejeitar o PL.

A orientação chegou a derrubar o vice-líder de governo da Prefeitura de Belo Horizonte, Helton Junior (PSD), que resolveu deixar o cargo por apoiar a matéria em tramitação na Casa.

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Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.