BC diz que liquidou o Master por ‘graves violações ao sistema financeiro’; entenda

Autoridade monetária do país determinou o fim do conglomerado do Master e segue apurando a responsabilidade de investidores em fraudes

BC também congelou ativos dos administradores e ex-administradores do Master

O Banco Central afirmou, em nota divulgada na tarde desta terça-feira (18), que decretou a liquidação do Banco Master por “graves violações às normas que regem a atividade das instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN)”. A autoridade monetária também citou uma “grave crise de liquidez” do conglomerado, o que compromete significativamente a situação econômico-financeira.

Segundo o BC, o Master detém 0,57% do ativo total do sistema, e 0,55% das captações totais. O Master entrou na mira da Polícia Federal por sua dificuldade em honrar compromissos e por falta de liquidez financeira. A empresa também estava no radar do mercado financeiro por falta de divulgação de balanços e por uma postura considerada agressiva na captação de recursos.

Nos últimos anos, o banco praticamente dobrou de tamanho com a venda de Certificados de Depósito Bancários (CDBs) com rendimentos acima da média do mercado, além de carteiras de créditos. Com a crise financeira, a instituição estaria vendendo títulos fraudados para captar recursos de investidores.

O banco tentava vender suas operações como forma de sanar as dificuldades, inclusive com uma operação de compra anunciada na segunda-feira (17) pela holding Fictor, suspensa após a intervenção do BC. No meio do ano, também houve uma tentativa de venda para o Banco de Brasília (BRB), mas que foi barrada pela autoridade monetária.

Além da liquidação do banco, o empresário Daniel Vorcaro, dono do conglomerado, foi preso na noite de segunda-feira pela Polícia Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Segundo investigadores, ele estaria tentando fugir do país em um avião particular para Malta, na Europa.

O que acontece com quem comprou CDB do Master?

Quem comprou CDBs do Master até o limite de R$ 250 mil tem proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). A instituição teria cerca de R$ 41 bilhões investidos nesses títulos, o que pode resultar no maior resgate do FGC da história.

O FGC é uma associação privada, sem fins lucrativos, que integra o SFN como forma de prevenir crises bancárias sistêmicas e proteger os depositantes há 30 anos. O Fundo tem um patrimônio que em setembro alcançou R$ 153,5 bilhões.

Antes do pagamento, a instituição em liquidação precisa preparar e enviar a lista de pessoas e valores a serem pagos para o FGC. Esse processo leva, em média, 30 dias úteis.

Com as informações recebidas, o FGC libera a solicitação no aplicativo para que os credores cadastrem a conta bancária, façam a validação da biometria e envie documentos.

Após a assinatura do termo de sub-rogação pelo app, o pagamento é realizado na conta bancária cadastrada.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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