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Este nutriente pode ajudar a reduzir o risco de derrame em 36%, segundo estudo

Pesquisa revela relação entre consumo de zinco e redução do risco de AVC

O zinco pode contribuir para a prevenção do derrame cerebral.

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma condição médica grave que acomete milhares de brasileiros. O que poucas pessoas sabem é que parte desses casos podem ser prevenidos por meio de hábitos saudáveis, como praticar atividade física, controlar o estresse, evitar o tabagismo, reduzir o consumo de sal e álcool, além de manter uma alimentação rica em fibras e frutos do mar.

Estudos mostram que determinados padrões alimentares, como a dieta mediterrânea, ajudam a diminuir fatores de risco para o AVC, incluindo pressão alta e níveis elevados de colesterol.

Em certas pesquisas, a atenção é direcionada a nutrientes específicos, em vez de analisar o padrão alimentar como um todo, para investigar a ligação direta entre esses nutrientes e doenças. Um exemplo disso é uma análise recente realizada na China e divulgada na revista Scientific Reports, que examinou a associação entre a ingestão de zinco na dieta e o risco de acidente vascular cerebral.

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Metodologia do estudo

Para realizar a pesquisa, os cientistas usaram dados do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), um amplo estudo norte-americano. A amostra final contou com 2.642 participantes, com idade média de 63 anos, sendo 54% mulheres.

Os voluntários relataram o que consumiram em vários recordatórios alimentares de 24 horas, incluindo alimentos e suplementos contendo zinco. Com esses dados, foi calculada a média da ingestão diária desse mineral para cada pessoa.

Os participantes foram classificados em quatro grupos, conforme a quantidade de zinco ingerida diariamente: menos de 6,08 mg (Q1); entre 6,08 e 8,83 mg (Q2); entre 8,84 e 13,02 mg (Q3); e acima de 13,02 mg (Q4).

A ocorrência de AVC foi avaliada com base em relatos dos participantes sobre diagnóstico médico prévio de derrame.

Para garantir a validade dos resultados, os pesquisadores ajustaram as análises levando em conta variáveis como idade, gênero, etnia, índice de massa corporal, histórico de tabagismo, consumo calórico e condições de saúde prévias.

Principais resultados

Os resultados indicaram que indivíduos que consumiam entre 6 e 9 mg de zinco por dia tinham um risco menor de sofrer AVC em comparação com aqueles que ingeriam menos de 6 mg. O grupo Q2 apresentou uma redução de 36% na chance de derrame em relação ao grupo Q1.

Contudo, o aumento do consumo para mais de 9 mg diários (grupos Q3 e Q4) não resultou em proteção adicional, sugerindo que o consumo moderado de zinco é o mais benéfico.

É importante destacar que o estudo possui limitações, como o uso de dados autorrelatados, o que pode gerar vieses, e uma amostra relativamente pequena. Além disso, por ser observacional, o estudo não pode confirmar causa e efeito, apenas associação.

Aplicações práticas

Atualmente, recomenda-se uma ingestão diária mínima de zinco de 8 mg para mulheres e 11 mg para homens. Surpreendentemente, os benefícios observados no estudo ocorreram mesmo em quem consumia quantidades um pouco inferiores a essas recomendações. Já o consumo acima do limite seguro de 40 mg diários pode causar efeitos colaterais como dor de cabeça, náusea e vômito.

Além de contribuir para a redução do risco de AVC, o zinco está associado a um envelhecimento biológico mais lento, especialmente quando combinado com exercícios físicos regulares. Entretanto, o consumo excessivo pode acelerar o envelhecimento biológico em até sete anos.

Esse mineral é fundamental para funções como imunidade, crescimento, desenvolvimento celular, cicatrização e produção de DNA.

O zinco é encontrado em carnes, aves, frutos do mar, laticínios, nozes e sementes. Dietas como a mediterrânea, DASH e MIND, que priorizam esses alimentos e limitam sódio, açúcares e carnes processadas, ajudam a controlar fatores de risco para diversas doenças, incluindo o AVC.

Como a hipertensão é um fator-chave para o derrame, estratégias para controlar a pressão arterial, como dieta equilibrada, prática regular de atividades físicas, controle do estresse e sono de qualidade, são essenciais para a prevenção.

Considerações finais

Este estudo sugere que consumir a quantidade mínima recomendada de zinco está ligado à redução do risco de derrame, enquanto doses maiores não oferecem benefícios adicionais nesse aspecto.

Para manter uma ingestão adequada de zinco, inclua diariamente fontes como carnes, frutos do mar, laticínios, nozes e sementes na alimentação. Caso tenha dúvidas sobre seu consumo, procure a orientação de um nutricionista ou profissional de saúde, que pode avaliar a necessidade de suplementação e garantir uma dieta equilibrada e segura.

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, é repórter multimídia no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Antes passou pela TV Alterosa. Escreve, em colaboração com a Itatiaia, nas editorias de entretenimento e variedades.