Para começar, podemos destacar que o frio NÃO causa danos ao sistema imunológico. O que acontece é uma mudança nos hábitos das pessoas durante as estações mais frias do ano, o que as torna mais propensas a contrair doenças que afetam o sistema respiratório, como gripe, resfriado, rinite, sinusite e pneumonia. Tendemos a tomar banhos menos frequentes, evitar contato com água gelada, o que pode significar lavar as mãos com menos frequência também, ficar em ambientes mais fechados e em grupos. O que, na prática, facilita a transmissão e infecção por vírus, por exemplo. Além disso, com o tempo mais seco, o ar fica mais carregado com as partículas de poeira, outros alergênicos e microrganismos causadores de doenças, fazendo com que nosso corpo precise trabalhar um pouco mais para se defender.
Mas o que é a imunidade? Ela pode ser basicamente entendida como a capacidade do corpo de se defender contra a entrada e multiplicação de microrganismos, como vírus, bactérias e fungos. É uma função biológica que envolve uma série de componentes que atuam de forma coordenada. O nosso corpo apresenta inúmeras barreiras que compõem o sistema imune: a pele, a saliva, as lágrimas, o muco, a acidez do estômago e da vagina, a motilidade do estômago, os pelos (que estão cabelo, na pele, nas partes íntimas, sobrancelha e nariz), a microbiota e as células de defesa no nosso sistema circulatório.
A imunidade pode ser adquirida de duas formas: a primeira acontece durante a gestação, através da comunicação via placenta entre a mãe e o bebê, e com a amamentação, que tem papel fundamental na nutrição, construção de uma microbiota saudável e nos sistemas de defesa do bebê; já a segunda forma é ensinando o nosso corpo a se defender expondo-o de forma acidental ou através das vacinas ao agente da doença. Na vacinação, o que acontece é a exposição a uma pequena parte desse agente, incapaz de causar qualquer doença em nós, mas que é suficiente, apenas, para ativar nossas defesas e fortalecê-las para quando forem realmente necessárias! Por isso, não deixe de vacinar seu filho com as vacinas ofertadas gratuitamente no SUS.
Podemos, agora, falar das formas de fortalecer a imunidade das crianças durante o frio. Vamos tratar, principalmente da alimentação.
Na alimentação, o fator de maior destaque na proteção de crianças é a amamentação. Como preconiza a OMS, ela deve ser feita de forma exclusiva até que o bebê complete 6 meses de vida, podendo ser continuada até os dois anos ou mais de forma combinada com outros alimentos.
Alguns outros alimentos importantes para a imunidade das crianças são os que contribuem para o fortalecimento de seus organismos, como, aqueles in natura e minimamente processados que, dentro de um contexto de alimentação saudável e balanceada, oferecem todos os nutrientes, incluindo vitaminas e minerais, essenciais.
Para melhora da imunidade, alguns nutrientes recebem maior atenção, como as vitaminas B6, B9, C e D e o zinco:
● A vitamina B6, piridoxina, essencial na síntese de proteínas e multiplicação de células do sistema imunológico, presente, por exemplo, em grão de bico, amendoim, feijão, lentilha, carnes de porco, principalmente, ovos, maçã verde, jamelão e banana.
● A vitamina B9, folato ou ácido fólico, necessário para síntese de DNA, maturação e renovação das células do sangue, estímulo da lactação e crescimento e desenvolvimento do feto em mulheres grávidas, pode ser encontrada em vegetais de cor verde escura, como salsa, espinafre, coentro, escarola, taioba, almeirão, couve, brócolis, além de outros, como beterraba, açafrão; cereais como milho verde e trigo; leguminosas, como feijões, grão de bico e lentilha; e carnes, em especial, fígado e miúdos.
● A vitamina C, ácido ascórbico, com sua conhecida ação antioxidante, previne morte celular e reatividade entre metabólitos excedentes das reações que ocorrem no organismo, atua no balanço da resposta inflamatória, na produção e atuação de células do sistema imune. Pode ser encontrada principalmente em frutas, como mangaba, laranja, limão, mexerica, goiaba, mamão, kiwi, morango, manga, carambola e em vegetais, como pimentão, tomilho, couve, agrião e outros.
● A vitamina D, calciferol, obtida da síntese a partir do colesterol estimulada pela exposição da pele ao sol e também encontrada em peixes, é importante para a absorção de cálcio e fósforo, metabolismo ósseo, funcionamento cognitivo e prevenção de doenças.
● Já o zinco é um mineral importante na maioria das reações de metabolismo do organismo, envolvido na síntese e degradação de proteínas, lipídios e carboidratos e na replicação e atuação das células do sistema imunológico. Encontrado em: carnes de boi, porco, avestruz, peixes e crustáceos, castanha de caju, gergelim, amendoim, chia, trigo e ovos.
Para finalizar, a exposição das crianças ao sol, às brincadeiras e atividades ao ar livre, somados a uma boa noite de sono e descanso oferecem, juntos, um pacote perfeito para o fortalecimento da imunidade. O que contribuirá para a saúde do bebê e da criança hoje e ao longo de toda sua vida!
Para mais detalhamento das informações, procure um médico ou nutricionista.
Texto: Iara Araújo Ferreira, graduanda em Nutrição pela UFOP, membro do GENMUCA, para a Itatiaia Ouro Preto.
