O pão é presença certa nas mesas do café da manhã, lanche ou até jantar. Mas, apesar da longa história e da popularidade, esse alimento vem sendo frequentemente apontado como inimigo da saúde. Na lista de problemas estão a obesidade, as inflamações e até mesmo o câncer.
Entretanto, segundo uma revisão de estudos feita por cientistas dos Estados Unidos e do Reino Unido, publicada no Current Developments in Nutrition, não há relação entre o consumo de pão e o aumento no risco de câncer. E mais: “Inclusive, o trabalho mostra que pães integrais podem até ter efeito protetor”, explica a nutricionista Giuliana Modenezi, do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.
As fibras e nutrientes presentes no pão, especialmente nas versões integrais, podem ajudar a proteger o intestino e trazer outros benefícios à saúde. O segredo está no equilíbrio e na escolha consciente das versões mais nutritivas.
Atenção com as dietas do momento
O pão também tem sido cortado do cardápio por fazer parte do grupo dos carboidratos, vilanizados em muitas dietas da moda, como as low carb. Mas, para a nutrição moderna, não há sentido em banir esse macronutriente. Ele é essencial para o funcionamento do corpo e da mente.
“Carboidrato é fonte de energia, portanto, indispensável para a realização de atividades cotidianas, de exercícios físicos e ao funcionamento do cérebro”, reforça a nutricionista Giuliana. Sua ausência pode gerar desânimo, queda no rendimento e até afetar o humor, por participar da produção de neurotransmissores como a serotonina, associada ao bem-estar.
Outro ponto que pesa na reputação do pão é o glúten, uma proteína natural do trigo e de outros cereais. Em quem tem doença celíaca, ele realmente deve ser evitado — é o caso de cerca de 1% da população mundial. “A exclusão total de alimentos com glúten é a estratégia de tratamento para essa condição específica”, diz a especialista.
Algumas pessoas podem ter intolerância ou sensibilidade ao glúten, o que causa desconfortos como inchaço e distúrbios intestinais. Nesses casos, o diagnóstico médico é fundamental. Para quem não apresenta essas condições, não há razão para cortar o glúten ou o pão do dia a dia.
Apesar disso, dietas “antiglúten” seguem em alta, muitas vezes com foco em emagrecimento, mas sem respaldo científico. “Também se observa a mesma escassez de estudos para a acusação de que o glúten teria efeito inflamatório”, alerta Giuliana.
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Como incluir o pão de forma saudável na alimentação?
A boa notícia é que o pão pode, sim, fazer parte de uma alimentação equilibrada. Inclusive em dietas reconhecidas como saudáveis, como a Dieta Mediterrânea. Veja algumas dicas para aproveitar melhor esse alimento:
- Prefira pães de fermentação natural: feitos com levain, são mais fáceis de digerir e livres de aditivos e conservantes.
- Escolha integrais e com grãos: essas versões são mais ricas em fibras e ajudam na saciedade e na saúde intestinal.
- Faça combinações: recheie o pão com proteínas (como ovos, frango, queijos magros ou pastas de grão-de-bico) e boas gorduras (abacate, azeite de oliva). Hortaliças como alface, rúcula e tomate também enriquecem o sanduíche.
- Evite embutidos: presunto, salame e peito de peru aparecem em estudos pela relação com risco aumentado de câncer.
- Leia os rótulos com atenção: busque listas de ingredientes curtas, com nomes conhecidos, e compare tabelas nutricionais para escolher versões com menos sódio, açúcar e gordura.
- Também é importante comparar as tabelas nutricionais e priorizar pães com menores teores de gorduras, sódio e açúcares.
* Sob supervisão de Enzo Menezes