Cientistas ligados ao Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) e a quatro universidades públicas criaram uma calculadora on-line que ajuda a identificar sintomas de depressão e outros transtornos.
A ferramenta é baseada no
O CISM é um Centro de Pesquisa Aplicada (CPA) financiado pela FAPESP, constituído em parceria com o Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP (FM-USP).
A Calculadora Transdiagnóstica SMFQ foi desenvolvida com dados de 1.905 jovens, entre 14 e 23 anos, participantes da Brazilian High Risk Cohort (BHRC), a Coorte Brasileira de Alto Risco para Condições Mentais. O projeto investiga origens genéticas e ambientais de transtornos mentais e completa 15 anos de atividades neste ano.
A escala SMFQ avalia como a pessoa se sentiu ou se comportou nas últimas duas semanas. As respostas são “não é verdade”, “às vezes” e “verdade” para questões como “Eu me senti sozinho”, “Eu chorei muito” e “Eu fiz tudo errado”.
A calculadora atribui uma pontuação final, considerando o peso de cada resposta. Pontos de corte flexíveis indicam a gravidade dos sintomas, calculados em escores-T, medida padronizada que compara o desempenho do indivíduo à média da população.
A partir do escore, a ferramenta mostra a probabilidade percentual de diagnósticos como depressão, ansiedade, pânico/agorafobia e estresse pós-traumático. Se o escore estiver abaixo do limite, indica ausência ou nível muito baixo de sintomas.
O coordenador do CISM, Euripedes Constantino Miguel, o vice-coordenador Luis Augusto Rohde, e pesquisadores da BHRC — Rodrigo Affonseca Bressan, Pedro Mario Pan e Giovanni Abrahão Salum — também assinam o trabalho. A pesquisa foi supervisionada por Mauricio Scopel Hoffmann, professor da UFSM e membro do CISM.
Um diferencial da calculadora é o uso da Teoria de Resposta ao Item (TRI), que atribui pesos diferentes a cada pergunta conforme sua dificuldade e capacidade de discriminação. Isso gera um escore fatorial mais preciso do que a soma simples de pontos usada na Teoria Clássica dos Testes (TCT).
A ferramenta é gratuita e pode auxiliar profissionais de saúde, especialmente em países de baixa e média renda, onde a detecção de transtornos ainda é insuficiente. Ela também democratiza o acesso a métodos estatísticos sofisticados.
Segundo Hoffmann, a integração da calculadora à prática clínica aumenta a eficiência do trabalho. “A ferramenta automatiza a análise de dados, economizando tempo e recursos. Ajuda os profissionais a ajustarem suas avaliações com base na probabilidade de diagnósticos específicos, contribuindo para cuidados de saúde mental mais personalizados”, explica.
A Calculadora Transdiagnóstica SMFQ está disponível em português e inglês e pode ser acessada em:
Com agências
( Sob supervisão de Alex Aaújo)