No Brasil, cerca de 73 mil cirurgias bariátricas são realizadas todos os anos, sendo 31 mil delas pelo
Sistema Único de Saúde (SUS). O procedimento é considerado uma das formas mais eficazes de combate à
obesidade grave. Nos últimos anos, porém, ganhou espaço também o tratamento com as chamadas “
canetas emagrecedoras”, medicamentos injetáveis que auxiliam na perda de peso.
O cirurgião Rodrigo Faria Cardoso, especialista em cirurgia do aparelho digestivo, falou sobre a diferença dos métodos no programa do Acir Antão, da Itatiaia, nesta terça-feira (23). Segundo ele, a principal delas é o alcance de cada um. Enquanto os medicamentos podem levar a uma redução de até 25% do peso corporal, a cirurgia bariátrica possibilita perdas de 30% a 50% e, por isso, é indicada para pacientes com um índice de massa corporal (IMC) muito elevado.
Apesar dos resultados promissores, o especialista ressalta que o uso das canetas não garante efeitos duradouros. Assim como outras
doenças crônicas, a obesidade não tem cura, apenas controle. Por isso, a perda de peso proporcionada pelos medicamentos tende a se manter apenas durante o tratamento. Após a interrupção, o risco de voltar a ganhar de peso volta a existir.
Absorção de nutrientes
Outro ponto de atenção está na absorção de nutrientes. Embora a
cirurgia bariátrica seja conhecida por causar deficiências nutricionais, as canetas também podem levar a quadros semelhantes quando usadas sem acompanhamento médico. “O paciente que utiliza a medicação sem orientação adequada pode acabar se privando de nutrientes essenciais, como proteínas e vitaminas, por não manter uma alimentação balanceada”, explica o médico, à Itatiaia.
Qual a melhor opção
As canetas, portanto, são mais recomendadas para pessoas em
sobrepeso ou com obesidade inicial, quando a cirurgia ainda não é indicada. Já a bariátrica costuma ser a melhor alternativa para casos mais graves. Além disso, segundo o especialista, o procedimento cirúrgico oferece maior custo-benefício a longo prazo para quem tem indicação.
Mesmo pacientes que já passaram pela cirurgia bariátrica podem recorrer às canetas, já que os medicamentos orais apresentam eficácia reduzida após a alteração no estômago. Contudo, Cardoso explica que, em qualquer tratamento, o fator decisivo é a mudança no estilo de vida.
“O paciente que modifica sua rotina, seus hábitos alimentares e combate o sedentarismo é o que terá sucesso, independentemente do método escolhido”, afirma Cardoso.
(Sob supervisão de Marina Dias)