Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em parceria com a University College London, no Reino Unido, concluiu que o acúmulo de gordura corporal associado à perda de massa muscular representa um aumento de 83% no risco de morte em comparação a pessoas que não apresentam as duas condições.
Essa condição, segundo a geriatra da Saúde do Lar, Simone de Paula Pessoa Lima, é conhecida como obesidade sarcopênica.
“No processo natural de envelhecimento, ocorre uma alteração na proporção entre gordura e massa magra: a tendência é o aumento da gordura corporal e a redução de massa magra. Quando a gordura corporal — particularmente a gordura visceral, localizada na região abdominal — aumenta, ela contribui diretamente para o processo inflamatório crônico, que está associado a doenças metabólicas graves, como resistência à insulina, hipertensão e doenças cardiovasculares. A redução da massa muscular, por sua vez, compromete o metabolismo energético e a força física, agravando ainda mais os riscos de saúde e aumentando a mortalidade”, explicou a médica.
“Esse ciclo contínuo impacta negativamente a saúde geral, aumentando as chances de desenvolvimento de condições como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.”, afirmou.
A condição atinge de forma mais significativa indivíduos com mais de 50 anos, mas os primeiros sinais podem ser identificados a partir dos 40 em pessoas sedentárias.
Complicações graves podem ser desencadeadas pela obesidade sarcopênica, como:
- aumento da inflamação crônica;
- redução da mobilidade;
- maior risco de quedas e fraturas;
- piora da imunidade;
- maior propensão ao desenvolvimento de diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.
Como evitar, diagnóstico e cuidados
Adotar um estilo de vida saudável é uma das principais prevenções da obesidade sarcopênica, segundo a médica. É preciso ter uma dieta rica em proteínas magras, que ajudam a preservar a massa muscular, aliada a alimentos ricos em fibras, vitaminas e minerais para reduzir a inflamação e controlar o peso.
“Também são fundamentais os exercícios de resistência, como musculação, para estimular a manutenção e o ganho de massa magra, além de exercícios aeróbicos para reduzir a gordura abdominal. Consultar médicos regularmente e acompanhar indicadores de saúde, como composição corporal, é crucial para a identificação precoce de padrões metabólicos desfavoráveis”, recomendou.
Outro cuidado necessário para evitar essa condição é evitar alimentos ultraprocessados e ricos em gorduras saturadas, açúcares e sódio. Além disso, a prática de atividade física deve ser feita regularmente, além de evitar o excesso de peso, abandonar o tabagismo e reduzir o consumo de álcool.
O diagnóstico, segundo a especialista, é feito por avaliação clínica e exames que analisam a composição corporal, como bioimpedância ou DEXA (absorciometria de raio-X de dupla energia), que medem a massa magra e a gordura abdominal.
“Também são realizados testes de força muscular, como preensão manual, e avaliação da velocidade de marcha. O tratamento é baseado em intervenções multidisciplinares, incluindo exercícios físicos resistidos para melhorar a força muscular, exercícios aeróbicos para reduzir a gordura abdominal, e uma dieta personalizada rica em proteínas de alto valor biológico e nutrientes anti-inflamatórios. Em casos específicos, podem ser indicados medicamentos ou terapias para controle de condições associadas, como diabetes ou hipertensão.”, explicou.