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Trump intensifica críticas ao Brasil e acusa Judiciário de perseguição a Bolsonaro

Presidente dos EUA mantém tarifaço de 50% e inclui menções diretas a suposta execução política contra o ex-presidente brasileiro em relatório de direitos humanos

Presidente Donald Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a disparar críticas contra o Brasil e a defender Jair Bolsonaro, a quem classificou como “um homem honesto” e alvo de “execução política”. Em conversa com jornalistas na Casa Branca, nesta quinta-feira (14), o republicano afirmou que o país sul-americano é “um dos piores parceiros comerciais do mundo” e justificou o aumento de tarifas como resposta a práticas comerciais “injustas” e ao que considera violações de direitos humanos.

Durante a entrevista, Trump foi questionado sobre o impacto das tarifas impostas a países latino-americanos e o fortalecimento das relações comerciais dessas nações com a China. O presidente disse não estar preocupado e reforçou os ataques:

  • Brasil seria “um péssimo parceiro comercial” por aplicar tarifas elevadas contra produtos norte-americanos.
  • A situação política do país seria marcada por leis “ruins” e por um processo judicial contra Bolsonaro que, segundo ele, teria motivação política.
  • O tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras para os EUA foi associado diretamente ao julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal.

Relatório de direitos humanos

Na terça-feira (12), o governo Trump divulgou ao Congresso americano o Relatório de Práticas de Direitos Humanos de 2024, que avaliou 196 países membros da ONU. O documento trouxe duras críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ao ministro Alexandre de Moraes (STF) e às prisões de apoiadores de Bolsonaro, relacionando esses pontos à justificativa para sanções e tarifas contra o Brasil.

Principais apontamentos sobre o Brasil no relatório:

  • Liberdade de expressão: acusações de que o governo restringiu o acesso a conteúdos online, afetando desproporcionalmente apoiadores de Bolsonaro, jornalistas e políticos.
  • Censura judicial: menção direta a decisões de Moraes para suspender mais de 100 perfis na rede X (ex-Twitter), consideradas “desproporcionais” pelo relatório.
  • Restrições nas redes sociais: críticas à proibição temporária do uso de VPNs, vista como ameaça à liberdade de imprensa.
  • Prisões pós-8 de janeiro: alegações de detenções prolongadas e sem acusação formal contra manifestantes envolvidos nos atos golpistas.

Críticas ao presidente Lula e a Israel

O texto também relembrou declarações de Lula sobre a guerra em Gaza, quando comparou a ação de Israel ao Holocausto. O governo americano classificou a fala como antissemita, destacando o repúdio formal da Confederação Israelita do Brasil (Conib).

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Contexto político e reação interna

A redação do relatório, segundo o Washington Post, gerou desconforto dentro do Departamento de Estado, com denúncias de “politização indevida” do conteúdo, em contraste com a versão anterior, produzida no governo democrata de Joe Biden, que descrevia as eleições brasileiras como justas e livres.

O posicionamento de Trump sobre Bolsonaro vem se repetindo desde julho, quando passou a associar o tarifaço a uma suposta perseguição judicial contra seu aliado político.

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.