Sindicato de servidores do BC repudia ‘disputas político-eleitorais’ no caso Master

Entidade defende autonomia do Banco Central e afirma que “narrativas” fragiliza a credibilidade da instituição

Banco Central é questionado por autoridades sobre o fechamento do banco Master

O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) publicou uma nota, nesta terça-feira (30), repudiando o que classificou como uma “disputa político-eleitoral” que teria sido instaurada no debate sobre a liquidação do Banco Master. Segundo a entidade, arrastar a autoridade monetária para essa discussão “contribui apenas para a desinformação, fragiliza o debate público e coloca em risco a credibilidade das instituições”.

Nas últimas semanas, o BC tem sido questionado por demais autoridades da República sobre o processo de liquidação do Master. O Tribunal de Contas da União, por meio do ministro Jhonatan Jesus, pediu explicações sobre o fechamento do conglomerado do empresário Daniel Vorcaro. O magistrado chegou a dizer que a decisão da autoridade monetária “parecia precipitada”.

Segundo o Sinal, essa análise é antagônica com aqueles que apontam para uma suposta demora na liquidação do Master, e com análises que apontam para pressões do mercado e de agentes políticos. “O Sinal expressa, ainda, sua convicção de que todos os esclarecimentos necessários serão prestados às autoridades competentes pelos representantes do Banco Central, no tempo adequado e nos fóruns e instâncias institucionais apropriados”, destacou.

A entidade representativa também saiu em defesa do diretor de fiscalização do Banco Central, Ailton Aquino, que vai prestar um depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira. O técnico também pode ser submetido a uma acareação junto com o dono do Master, Daniel Vorcaro, e o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa.

“A instituição está permanentemente exposta a pressões de diferentes naturezas — políticas, sociais e de mercado. É exatamente nesse contexto que se evidencia o caráter de atividade típica de Estado desempenhada pelo BC e a necessidade de que seus servidores estejam submetidos às regras e garantias do direito público e do Regime Jurídico Único (RJU), que lhes asseguram proteção institucional e tranquilidade”, completou o sindicato.

Entenda a liquidação do Master

O conglomerado do Master e Daniel Vorcaro foram alvos da operação Compliance Zero, da Polícia Federal, no dia 18 de novembro. A ação teve como objetivo combater a venda de títulos de créditos falsos pelo conglomerado de instituições do banco. Os títulos eram usados para alavancar sua capitalização, oferecendo taxas de juros em percentuais acima da média do mercado.

As apurações contra Vorcaro e o Master começaram em 2024, após uma requisição do Ministério Público Federal para apurar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira. Esses títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.

Na época, o BC citou uma “grave crise de liquidez” do conglomerado, o que compromete significativamente a situação econômico-financeira, e citou “graves violações às normas que regem a atividade das instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN).

“O Banco Central continuará tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades nos termos de suas competências legais. O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas sancionadoras de caráter administrativo e a comunicação às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis. Nos termos da lei, ficam indisponíveis, a partir de hoje, os bens dos controladores e dos ex-administradores das instituições objeto dos regimes especiais decretados”, disse o BC em nota.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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