A pouco mais de uma semana do
“tarifaço” anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil entrar em vigor, o vice-governador de Minas Gerais,
Mateus Simões (Novo), afirmou que “há pouco a ser feito” diretamente pelos governadores brasileiros para contornar a situação.
Em entrevista à
CNN Money, nesta quarta-feira (23), Simões disse que o estado está se mobilizando para tentar “abrir novos mercados” para produtos mineiros que seriam destinados originalmente aos EUA. No entanto, segundo ele, a negociação direta com a Casa Branca não cabe aos Executivos estaduais. “Por mais que eu ache que está sendo mal conduzido, há pouco que possamos fazer diretamente”, afirmou.
O vice-governador também
voltou a criticar o governo do presidente Lula (PT) pela condução das negociações com Trump. “Temos um Itamaraty muito competente, mas lugar de discutir diplomacia é nos canais diplomáticos. Não é no Twitter, seja de uma parte ou de outra. Precisamos ter muito cuidado nessa hora”, declarou.
As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros foram anunciadas por Trump por meio das redes sociais, em uma
“carta” pública endereçada ao presidente Lula.
“
O Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento não conseguem definir quem tem a liderança efetiva do processo de negociação. Os estudos acabam se perdendo em muita conversa, como eu disse, na internet — e em pouca ação efetiva e coordenada do governo federal”.
— completou Simões.
Negociação paralela
Desde o anúncio das tarifas, o governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem
tentado negociar diretamente com o governo dos Estados Unidos.
Ele chegou a se reunir com o ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL), em Brasília, para informar que buscaria um diálogo por conta própria. Ainda na capital federal, Tarcísio se encontrou com o representante da embaixada dos EUA, Gabriel Escobar.
No dia 15 de julho, Escobar foi a São Paulo para uma reunião a portas fechadas com Tarcísio e empresários no Palácio dos Bandeirantes.
A iniciativa do governador de São Paulo, no entanto, foi criticada pelo deputado federal
Eduardo Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos. O parlamentar afirmou que se sentiu “desrespeitado” pela movimentação de Tarcísio.
Nas redes sociais, Eduardo chegou a acusar o governador de “subserviência servil” na relação com o empresariado brasileiro. “Se você estivesse olhando para qualquer parte da nossa indústria ou comércio, estaria defendendo o fim do regime de exceção que irá destruir a economia brasileira e nossas liberdades. Mas, como, para você, a subserviência servil às elites é sinônimo de defender os interesses nacionais, não espero que entenda”, escreveu o deputado no X, antigo Twitter.
Impactos para Minas
Segundo o vice-governador, o governo estadual está “preocupado” com o impacto das tarifas de 50% para a indústria mineira.
Um
estudo desenvolvido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) mostra que, a longo prazo — entre 5 e 10 anos —, as tarifas impostas por Trump podem comprometer até 187 mil postos de trabalho, formais e informais, em Minas Gerais.
Segundo o levantamento, divulgado nesta segunda-feira (21), esse impacto pode gerar uma redução de até R$ 3,16 bilhões no rendimento das famílias mineiras.
No cenário de curto prazo — de 1 a 2 anos —, a federação estima a perda de 58 mil empregos, com uma redução de R$ 982 milhões na massa salarial.