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Saiba como foi o primeiro dia de julgamento de Bolsonaro no STF

A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal encerrou o primeiro dia de julgamento de Bolsonaro e mais sete réus por tentativa de golpe

A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal encerrou o primeiro dia de julgamento de Bolsonaro e mais sete réus por tentativa de golpe

O primeiro dia de julgamento dos oito réus do “núcleo crucial” da trama golpista na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que aconteceu nesta terça-feira (2), foi marcado por fortes falas do ministro relator do caso na Corte, Alexandre de Moraes, e pelo pedido de condenação dos acusados por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Moraes apresentou seu relatório pela manhã, seguido da apresentação da denúncia da PGR. Paulo Gonet, Procurador-Geral da República, não esteve presente na segunda parte da sessão devido a uma agenda previamente agendada no exterior. Quatro defesas fizeram suas exposições nesta terça-feira: a do delator Mauro Cid, a de Alexandre Ramagem, de Almir Garnier e de Anderson Torres.

Procuradoria pede condenação de Bolsonaro

A Procuradoria-Geral da República pediu a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. O procurador-geral Paulo Gonet foi o segundo a se manifestar no julgamento da ação penal 2668.

“Se nota uma unidade de propósito: o de impedir a chegada e o exercício do poder pelo presidente que concorria pela oposição e o de promover a continuidade do exercício de poder pelo presidente Bolsonaro, pouco importando os resultados apurados no sufrágio de 2022”, afirmou Gonet.

Além da condenação de Bolsonaro, Gonet pediu ainda a condenação de aliados do ex-presidente: Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (responde por três crimes, devido à imunidade parlamentar); Almir Garnier Santos, almirante e ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF; Augusto Heleno, general da reserva e ex-ministro do GSI; Paulo Sérgio Nogueira, general da reserva e ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto — general da reserva, ex-ministro e candidato a vice em 2022; e Mauro Cid, tenente-coronel, ex-ajudante de ordens e delator no processo.

Em sua manifestação de acusação, Gonet afirmou que a punição aos que tentaram um golpe de Estado após as eleições de 2022 é uma forma de garantir a estabilidade da democracia brasileira.

“Punir a tentativa frustrada de ruptura da ordem democrática estabelecida é imperativo na estabilização do próprio regime. Opera como elemento dissuasório contra o ânimo por aventuras golpistas e expõe a tenacidade e determinação da cidadania pela continuidade da vida pública inspirada nos direitos fundamentais”, disse Gonet.

Moraes afirma que não aceitará coações

O ministro Alexandre de Moraes afirmou que a Corte não aceitará “coações” ou tentativas de obstrução de outros países em seus julgamentos. “Coragem institucional e defesa da soberania nacional fazem parte do universo republicano da Suprema Corte, que não aceitará coações ou obstruções no exercício de sua missão constitucional”, afirmou Moraes.

A declaração do ministro aconteceu no início da leitura do relatório do julgamento dos réus do núcleo 1 da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

A fala ocorre em meio à pressão do governo dos Estados Unidos, presidido por Donald Trump, que impôs sanções a ministros do STF e classificou o julgamento de Jair Bolsonaro como “caça às bruxas”. Além disso, Washington elevou em 50% as tarifas sobre produtos brasileiros.

Defesa de Cid nega coação e defende delação

O advogado do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, coronel Mauro Cid, Jair Alves Pereira, afirmou , durante apresentação dos argumentos da defesa na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira, que o militar não foi coagido durante o processo. Ele ainda contestou as provas apresentadas pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e defendeu a confirmação da delação premiada.

A defesa dos outros sete réus sustenta que, devido a mensagens vazadas na imprensa que sugeriam insatisfação de Cid com o curso do processo, ele teria sido coagido tanto pela Polícia Federal quanto pelo ministro relator do caso, Alexandre de Moraes. O advogado negou as acusações.

Durante a apresentação de argumentos, o advogado fez uma apresentação do currículo de Mauro Cid com intenção de demonstrar que o réu é um “bom militar” que “sempre seguiu ordens”. “Foi falado no processo que Cid foi coagido, dizem que ele foi coagido pela PF e depois pelo relator. Acho que precisa ficar muito claro em relação a isso. A suposta coação pela PF das alegações que sustentam o vício de consentimento seria relativo aos vazamentos da revista Veja (...) não é coação”, destaca.

Próximos passos

Nesta quarta-feira (3), serão ouvidas as defesas de Augusto Heleno, do ex-presidente Jair Bolsonaro, de Paulo Sérgio Nogueira e do general Walter Brega Netto. Amanhã haverá apenas uma sessão, entre 9h e 12h, então é possível que se esgotem as manifestações das defesas, que têm, cada uma, até uma hora para expor argumentos finais à Corte.

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Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.
Jornalista com trajetória na cobertura dos Três Poderes. Formada pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), atuou como editora de política nos jornais O Tempo e Poder360. Atualmente, é coordenadora de conteúdo na Itatiaia na capital federal.
Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.
Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio
Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.
Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.