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Moraes diz que STF não aceitará ‘coações’ no julgamento de Bolsonaro

Sem citar os Estados Unidos, ministro afirma que organização criminosa tenta submeter a Corte à influência estrangeira

Ministro Alexandre de Moraes durante julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, no STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (2) que a Corte não aceitará “coações” ou tentativas de obstrução de outros países em seus julgamentos.

“Coragem institucional e defesa da soberania nacional fazem parte do universo republicano da Suprema Corte, que não aceitará coações ou obstruções no exercício de sua missão constitucional”, afirmou Moraes.

A declaração do ministro aconteceu no início da leitura do relatório do julgamento dos réus do núcleo 1 da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

A fala ocorre em meio à pressão do governo dos Estados Unidos, presidido por Donald Trump, que impôs sanções a ministros do STF e classificou o julgamento de Jair Bolsonaro como “caça às bruxas”. Além disso, Washington elevou em 50% as tarifas sobre produtos brasileiros.

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Sem citar diretamente os EUA, Moraes afirmou que há uma “organização criminosa” que atua de forma “covarde e traiçoeira” contra o Brasil para tentar constranger a Suprema Corte.

“Lamentavelmente, no curso dessa ação penal, constatou-se condutas dolosas e conscientes de uma verdadeira organização criminosa que, de forma jamais vista em nosso país, passou a agir de maneira covarde e traiçoeira com a finalidade de tentar coagir o Poder Judiciário e o STF e submeter o funcionamento da Corte ao crivo de outro Estado estrangeiro”, declarou.

O ministro concluiu dizendo que a soberania nacional “não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida, pois é um dos fundamentos da República”.

Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.