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João Romero, professor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar-UFMG), avaliou como “correta” a postura do governo federal, liderado pelo
Segundo ele, a imposição das tarifas pode, em um primeiro momento, gerar a redução dos preços de alimentos como café e carne, que permanecem na lista de produtos taxados pelos EUA. A curto prazo, na avaliação do professor, o efeito pode ser “positivo” para o comércio brasileiro. “A médio e longo prazo, é mais difícil prever, porque dependerá da capacidade desses setores de ocupar novos mercados. Caso não consigam, pode haver redução na produção e também nos empregos”, explicou à Itatiaia.
O pesquisador e professor da UFMG também comentou sobre a negociação “paralela” de senadores e governadores com os Estados Unidos. Romero avalia que a tentativa revela o “grau de desregulamentação” das instituições estadunidenses, que não possuem um canal claro de interlocução. “Houve um desmantelamento da política externa dos Estados Unidos e uma grande concentração de poder no entorno mais próximo do próprio presidente [Trump]. Foram tentativas pontuais, mas que, ao meu ver, são muito personalistas e sem grande possibilidade de sucesso”, classificou.
A também professora da UFMG, do Departamento de Ciências Econômicas, Patrícia Nasser, considera que os movimentos do governo federal — tanto do Ministério das Relações Exteriores, com o ministro
Na carta,
Para a pesquisadora, os argumentos de Trump “não são novidade”, uma vez que
Sobre o futuro do comércio brasileiro após as tarifas, a professora espera uma postura de “cautela” por parte do governo brasileiro. Ela relembra que os Estados Unidos são historicamente parceiros do Brasil e que, embora mercados alternativos possam ser uma solução temporária, nunca houve uma “indisposição” brasileira com a Casa Branca. “O mais inteligente agora seria continuar pedindo diálogo — que seja bilateral, em nível ministerial ou empresarial — para que cheguemos a um acordo com saídas mais equilibradas, que não prejudiquem tanto ambos os países”, afirmou.
Ela explica que o país precisará ter “paciência” para negociar com Trump e tentar retirar as tarifas dos setores considerados mais importantes para a economia brasileira. “Ele [Trump] não irá permanecer no poder indefinidamente. O governo dele vai passar, e voltaremos a trabalhar e dialogar com os EUA”, concluiu.