Prefeitos apontam impactos negativos em plano conjunto para RMBH: ‘Vai atrasar os municípios’

Plano é uma exigência do Estatuto da Metrópole, uma lei federal de 2015. A elaboração está a cargo do Governo de Minas

PDUI é visto com cautela por prefeitos ouvidos pela reportagem

Prefeitos de cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) manifestam preocupação com um possível significado do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) que traria regras para os 34 municípios do entorno da capital. A lógica é a seguinte: enquanto cada cidade tem seu plano diretor, a Região Metropolitana teria um plano conjunto, buscando enfrentar os problemas comuns e propondo soluções que atravessam fronteiras municipais.

O plano é uma exigência do Estatuto da Metrópole, uma lei federal de 2015. A elaboração está a cargo da Agência de Desenvolvimento Metropolitana, ligada ao Governo de Minas Gerais.

Uma reunião para votar o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado está prevista para ocorrer às 14h desta terça-feira (25), na Cidade Administrativa, sede do Governo de Minas. O documento tem o poder de definir sobre o uso e ocupação do solo, como onde pode haver adensamento, zonas industriais, preservação ambiental, áreas de expansão, além de questões de transporte coletivo, corredores urbanos e prevenção a enchentes.

O prefeito de Itatiaiuçu, Romer Soares (Cidadania), teme por consequências negativas caso o plano seja aprovado.

“Isso vai atrasar os municípios, que estão com seu desenvolvimento econômico, correndo atrás de trazer novas empresas. Isso não pode acontecer. Isso tem que ser conversado com cada município para saber o que o município tem para apresentar. No nosso caso de Itatiaiuçu, estou com duas empresas já catalogadas para vir e não tô conseguindo colocar, porque esse plano diretor não vai deixar. Então, eu não entendo porque o governo veio com Investe Minas e traz as empresas. Do outro lado vem o órgão da Grande BH e faz esse plano diretor que não deixa a empresa vir. É a mesma coisa de dar com uma mão e tomar com a outra. É um retrocesso para o município e para a economia”, apontou.

Prefeito de Rio Acima, Felipe Santos (PDT), também revela preocupação com o projeto e pede mais discussão sobre o tema.

“Manifestar a minha preocupação com a possível votação do PDUI, que traça algumas metas para o plano diretor integrado da nossa região metropolitana. Vejo que muitos pontos prejudicam o desenvolvimento e o crescimento dos nossos municípios, devendo ser mais discutido, esclarecido, apresentado para todos os prefeitos, principalmente para os recém-eleitos, que assumiram agora este ano, estão no primeiro ano de governo”, disse Felipe, que acrescentou:

“Principalmente prefeituras pequenas, como Rio Acima, a gente tem muita demanda e precisa ter um olhar mais atencioso para esse PDUI e, talvez, até mais discussões, porque muitos dos nossos municípios, ou a grande maioria ou na totalidade, serão prejudicados se for aprovado como está”.

Para o prefeito de Nova Lima e presidente da Grambel, Associação de Municípios da Grande BH, João Marcelo Dieguez (Cidadania) apontou falta de diálogo com as lideranças municipais.

“Temos visto com preocupação alguns pontos apresentados no Plano Diretor Metropolitano, pois não consideram o olhar de desenvolvimento dos municípios ou até mesmo os planos diretores municipais. Entendo que uma visão de desenvolvimento integrado para a região metropolitana é fundamental, mas ela deve considerar os pontos de vista e as realidades de cada um dos municípios para que esse desenvolvimento ocorra da melhor maneira”, avaliou.

A reportagem procurou a agência metropolitana ligada ao governo de Minas Gerais e aguarda posicionamento.

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Mineiro de Urucânia, na Zona da Mata. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto (2024), mesma instituição onde diplomou-se jornalista (2013). Na Itatiaia desde 2016, faz reportagens diversas, com destaque para Política e Cidades.

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