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Lula, inclusive, recorrentemente aconselhava o hoje ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e foi o responsável por escolhê-lo para concorrer em seu lugar no pleito. Nas eleições daquele ano, Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil.
Desde que foi colocado em prisão domiciliar após a condenação pela trama golpista, aliados do ex-presidente têm sustentado que ele será o responsável por formar chapas, especialmente as majoritárias, nos estados e que partirá dele a decisão de quem será seu substituto na corrida à Presidência da República.
Com a prisão preventiva na Superintendência da Polícia Federal, contudo, parte das expectativas foram frustradas, visto que as visitas, inicialmente, foram restringidas apenas a familiares, especialmente os filhos e a esposa do ex-presidente, além de médicos e advogados, que não precisam de autorização prévia, conforme determinação judicial.
Contudo, a perspectiva não arrefece a fé de aliados e interlocutores na figura de Bolsonaro, que na visão de correligionários ainda será fundamental para a escolha do quadro eleitoral do PL e de outros partidos de direita nas eleições do ano que vem.
Em coletiva de imprensa nessa segunda-feira, o filho do ex-presidente e senador, Flávio Bolsonaro (PL), afirmou que todas as decisões envolvendo as eleições de 2026 passarão pelo aval do capitão reformado do Exército.
“A gente vai estar mais forte e unido do que nunca, porque todas as decisões que serão tomadas em relação aos palanques nos estados vão ser tomadas ouvindo as lideranças locais e reportando, obviamente, ao nosso líder maior, presidente Bolsonaro”, disse.
A declaração aconteceu após uma reunião de quase quatro horas entre lideranças do PL no Congresso Nacional, convocada após a prisão do ex-presidente.
Ex-presidente terá ‘palavra final’
O presidente estadual do PL em Minas Gerais, deputado federal Domingos Sávio, afirma que Bolsonaro continua sendo o maior líder da direita e que não será “abandonado”. “Seguramente ele continuará sendo decisivo não só para definição de candidaturas majoritárias, mas também nas eleições”, defende.
“A palavra final continua sendo dele”, afirma o deputado estadual Bruno Engler (PL). Ele sustenta ainda que os apoiadores de Bolsonaro são muito fieis a ele e que, mesmo sem a possibilidade de visita de articuladores, a família será responsável por transmitir as orientações do ex-presidente para o partido e aliados.
“Ele está preso, mas não está morto. A família tem contato com ele na cadeia, a decisão que ele tomar de quem ele vai apoiar para presidente, quem ele vai apoiar para governador, para senador, para todas as coisas, vai ser comunicada pela sua esposa, pelos seus filhos e nós, enquanto partido, temos que respeitar. Ele é a grande liderança que nós temos, não é porque ele está sofrendo essa perseguição, essa injustiça que ele deixa de ser a pessoa que dita os rumos que nós vamos tomar”, defende.
Prisão será menos prejudicial a Bolsonaro
A prisão de Jair Bolsonaro, referendada pela mais alta Corte do país, será menos prejudicial à imagem do bolsonarismo e de quem o ex-presidente escolher apoiar nas eleições do que foi para Lula em 2018. A análise é do cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Camilo Aggio.
“Para Lula foi mais desgastante, porque havia certo entendimento lá de que ele já tinha sido presidente muitas vezes. Já tinha sido eleito, reeleito. E aí a ideia de tentar uma outra candidatura, ainda mais sendo Lula, esse candidato que disputa eleições desde 89… já tinha um desgaste maior nas pretensões dele de continuar sendo presidente”, argumenta.
Para o ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo Aggio, o caminho não seria tão conturbado, mesmo preso. “Tem muita gente querendo o Bolsonaro presidente, não vejo tanto um discurso de que o Bolsonaro deveria tirar o time de campo por parte daqueles dispostos a votar nele. Então, não creio que a articulação dele seja exatamente um grande problema, ou pelo menos um problema tão grande quanto o do Lula”, pondera.