Criticados nas redes pelo apoio à Proposta de Emenda à Constituição que permite ao parlamentares barrar a prisão de colegas, alguns deputados usaram as redes sociais nos últimos dois dias para pedir desculpas e se retratar com seus seguidores pelo voto de apoio à PEC.
Vários deputados do PT que votaram a favor da PEC usaram suas redes para pedir desculpas. No entanto, não foram só os petistas que se mostraram arrependidos. Deputados de outras siglas, como União Brasil e PP, também se explicaram sobre o voto.
A proposta, entre outras coisas, permite a extensão do foro privilegiado para presidentes nacionais de partidos e impede que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorize uma investigação sem o aval do Congresso, por exemplo.
O deputado Pedro Campos (PSB-PE), irmão do prefeito do Recife, João Campos (PSB), e líder do partido na Casa, publicou um vídeo admitindo o erro.
Ele disse que votou a favor, junto à maioria da bancada do partido, para evitar que a anistia avançasse — o que acabou acontecendo, após a aprovação do requerimento de urgência pela Câmara um dia depois —, além de destravar projetos importantes para o governo federal.
“Nós do campo progressista, tínhamos duas posições possíveis. Uma era dizer que não aceitássemos discutir nenhum ponto dessa PEC, e arriscar que a anistia passasse, além de ver pautas importantes do governo, como a tarifa social de energia e o Imposto de Renda, boicotadas, ou discutir o texto da PEC, tentar retirar os maiores absurdos e buscar um caminho para barrar a anistia e avançar as pautas populares”, explicou Pedro Campos.
‘Escolha difícil’, diz deputado
Já o deputado Merlong Solano, do PT de Piauí, publicou uma nota de retratação em suas redes e pediu desculpas ao povo do seu estado pelo voto. “Não pensem que foi uma decisão fácil. Na política, por vezes somos levados a fazer escolhas difíceis, que exigem renúncias e sacrifícios”, escreveu Solano.
De acordo com ele, o voto favorável à PEC da Blindagem aconteceu para “preservar” o diálogo entre a sigla e a presidência da Câmara dos Deputados, chefiada por Hugo Motta (Republicanos-PB).
Outra parlamentar a se desculpar com os eleitores e que até anunciou a desfiliação do partido após as polêmicas foi Silvye Alves (União-GO). A deputada disse que recebeu ameaças de pessoas “influentes” do Congresso para que votasse a favor do projeto.
“Eu segui minha intuição e votei contra. A partir desse momento eu comecei a receber muitas ligações de pessoas influentes do Congresso Nacional”, disse Silvye em um vídeo compartilhado no Instagram. “Disseram que com a votação contra eu receberia muitas retaliações”, afirmou.
Silvye acrescentou que, a partir disso, foi “covarde” e mudou seu voto para que a PEC fosse aprovada. A parlamentar disse que não queria deixar esse registro em sua passagem na política.
‘Reconheço que falhei, peço desculpas’
Já Thiago de Joaldo (PP-SE) afirmou que a Câmara precisa reconhecer o erro e que irá trabalhar junto aos colegas para que o texto não passe no Senado.
“Tenho ciência que é impossível agradar a todos no Congresso Nacional”, disse o deputado em um vídeo gravado no carro. “Mas nesse caso é preciso reconhecer que a Câmara errou na mão e o remédio pode ter saído mais letal do que a enfermidade que se queria tratar.”
O parlamentar do PP citou que recebeu ligações de especialistas e passou a se “atentar” sobre o tema após a votação.
“Reconheço que falhei, peço desculpas e trabalharei para corrigir”, acrescentou, dizendo que irá trabalhar junto a colegas para que o texto não passe no Senado.
(Com agências)