A megaoperação contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, que deixou um rastro de 121 mortos, dentre eles quatro policiais, abriu as portas para um enfrentamento ideológico entre esquerda e direita, tanto no debate público, quanto no Congresso Nacional.
A discussão sobre “narcoterrorismo” tomou conta do Palavra Aberta, programa de enfrentamento de ideias da Itatiaia, que foi ao ar na manhã deste sábado.
De um lado, o presidente estadual do PL, Domingos Sávio, defendendo a direita, ressaltou a efetividade da ação das forças de segurança cariocas, enquanto, à esquerda, o deputado federal Padre João (PT) defendeu que o enfrentamento ao Comando Vermelho foi um “fracasso absurdo”.
O debate acontece em meio à repercussão internacional da megaoperação, e do fato de que facções criminosas originárias do Rio e de São Paulo já atuam em Minas Gerais, especialmente em Belo Horizonte e Região Metropolitana, e na Zona da Mata, na divisa com o estado fluminense.
Domingos Sávio, em sua digressão, afirmou que há uma “guerra” sendo travada entre o Estado e as facções criminosas. “(A megaoperação) é a primeira batalha de uma guerra que nós estamos travando, nós não podemos nos limitar a ela É terrível que algumas pessoas insistam em defender bandido. Ali, finalmente, a polícia resolveu socorrer uma parte expressiva da população do Rio que se tornou refém do Comando Vermelho”, pontuou.
O deputado federal do PL ainda lamentou a morte de policiais durante os combates no Rio de Janeiro. “A polícia foi ali para enfrentar uma guerra contra o tráfico. Aquilo é guerra, e nessa guerra nós perdemos, infelizmente, quatro combatentes, que foram lá para nos defender. É preciso parar para pensar que aqueles bandidos que foram derrubados, quantos mil aqueles bandidos já mataram?”, questionou.
Padre João, por sua vez, argumentou que a operação foi um “fracasso absurdo” e ponderou o número de fuzis apreendidos, que foi menor do que outras operações “em condomínios fechados da elite carioca”.
“A polícia sobe o morro, mas não vai de fato onde estão os bandidos. Ali, pobre, preto, que estão ali na favela, no morro, não são donos de helicópteros. Hoje temos sistemas de inteligência em que é possível, de fato, desmontar as organizações. O desafio é esse”, defendeu.
“É crime organizado, eles se organizam, mas o Estado brasileiro está desorganizado. Cada governador acha que é o rei do pedaço. Ou nós vamos resolver em uma integração das polícias, e isso compete às polícias estaduais, as federais, a Força Nacional, mas em um sistema de inteligência. Não é com arma”, conclui.