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Motoristas de aplicativo: Câmara vai instalar comissão especial para analisar regulamentação

Colegiado vai analisar projeto que cria um marco legal para o setor e define regras trabalhistas e previdenciárias

Câmara dos deputados vai instalar comissão especial para analisar projeto sobre regulamentação do trabalho em aplicativos

A Câmara dos deputados vai instalar nesta terça-feira (19) a comissão especial que vai analisar o Projeto de Lei Complementar (PLP) que trata da regulamentação do trabalho em aplicativos de transporte e entrega.

A proposta busca estabelecer um novo marco legal para serviços operados por plataformas digitais, como Uber, 99 e InDrive. O projeto, de autoria do deputado Luiz Gastão (PSD-CE), está sob relatoria do deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE)

A ideia dos deputados é que durante esse primeiro encontro seja elaborado um plano de trabalho para desenvolver a proposta. A expectativa é de que o parecer seja votado ainda neste semestre.

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“Vamos estabelecer uma modalidade de trabalhador autônomo que não existe ainda formalmente, de maneira que haja seguridade social e regras claras na relação com os aplicativos”, afirmou o relator Coutinho.

Na semana passada, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), havia incluído a regulamentação dos aplicativos entre as prioridades legislativas para o segundo semestre de 2025.

O colegiado foi criado em 16 de julho e terá 19 membros titulares e igual número de suplentes, além de vagas rotativas para bancadas não contempladas.

Projeto

A proposta que será analisada pelos deputados leva em consideração o texto apresentado pelo governo em 2024 e trechos e outros projetos protocolados no Congresso sobre o tema.

Dentre outras diretrizes, o PLP estabelece que as plataformas poderão cobrar do trabalhador uma taxa única de até 30% do valor pago pelo usuário a cada serviço prestado.

No campo previdenciário, prevê que trabalhadores de baixa renda inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) contribuam com uma alíquota reduzida de 5% sobre o salário mínimo.

Já os demais seguirão as regras da Emenda Constitucional nº 103/2019, observando o teto do Regime Geral de Previdência Social. Que diz o seguinte:

  • I - até 1 (um) salário-mínimo, 7,5% (sete inteiros e cinco décimos por cento);
  • II - acima de 1 (um) salário-mínimo até R$ 2.000,00 (dois mil reais), 9% (nove por cento);
  • III - de R$ 2.000,01 (dois mil reais e um centavo) até R$ 3.000,00 (três mil reais), 12% (doze por cento); e
  • IV - de R$ 3.000,01 (três mil reais e um centavo) até o limite do salário de contribuição, 14% (quatorze por cento).

Governo

A proposta de regulamentação do trabalho de motoristas de aplicativo foi apresentada ao Congresso no ano passado pelo governo federal. No entanto, a proposta encontrou resistência dos parlamentares ao chegar no Congresso.

O projeto apresentado pelo governo acabou não avançando nas comissões da Câmara. Segundo parlamentares ouvidos pela Itatiaia, um dos motivos que atrapalharam o avanço da proposta foi a polarização política.

Como o projeto foi apresentado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), parlamentares da oposição foram contrários à proposta e obstruíram o avanço do projeto elaborado pelo governo.

Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.