Moraes viu tentativa de repetir 8 de janeiro ao decretar prisão preventiva de Bolsonaro

Ex-presidente foi detido pela PF nesta manhã de sábado (22); Moraes viu tentativa de fuga, além de incitação a atos como o 8 de janeiro

Alexandre de Moraes, ministro do Supremo.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a prisão preventiva de Jair Bolsonaro sustenta que o ex-presidente e seu núcleo político tentariam repetir o mesmo padrão de mobilização que antecedeu os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando a praça dos Três Poderes foi palco de um violento ataque promovido por apoiados de Bolsonaro.

Para o ministro, a convocação de apoiadores feita por Flávio Bolsonaro para uma vigília diante do condomínio do pai é parte de um modus operandi já conhecido pela Corte, voltado à criação de tumulto e ao impedimento do cumprimento de decisões judiciais.

Segundo o documento, a mobilização convocada pelo senador demonstra a tentativa da organização de “reviver os acampamentos ilegais que geraram o deplorável dia 8 de janeiro”, além de incitar o desrespeito às instituições. Moraes afirma que o vídeo divulgado por Flávio evidencia que “não há limites” na atuação do grupo, que buscaria fomentar caos social para favorecer interesses pessoais e criminais.

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RISCO DE FUGA

A decisão também ressalta um elevado risco de fuga. Moraes aponta a proximidade do trânsito em julgado da condenação de Bolsonaro na Ação Penal 2.668, além de citar a fuga já consumada de uma aliada política e familiar. O ministro ainda considera possível que o ex-presidente tentasse buscar abrigo em embaixadas próximas à residência onde cumpria prisão domiciliar.

De acordo com o texto, todas as medidas para manter Bolsonaro em casa — monitoramento integral, equipes dedicadas da Polícia Federal e da Polícia Penal, escoltas autorizadas — foram insuficientes para conter o periculum libertatis.

Em tom severo, Moraes afirma que a democracia brasileira alcançou maturidade para afastar e responsabilizar “iniciativas patéticas” que tentam proteger a organização criminosa responsável pela tentativa de golpe de Estado. O ministro cita nominalmente a atuação dos filhos do ex-presidente: Eduardo, acusado de articular fuga de investigados, e Flávio, que, ao convocar nova mobilização, estaria tentando reeditar estratégias golpistas e “insultando a Justiça de seu País”.

Para o STF, a convocação da vigília, associada ao histórico de descumprimentos e à repetição de movimentos que antecederam o 8 de janeiro, tornou inevitável a decretação da prisão preventiva.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio

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