A convocação de uma vigília religiosa feita pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na noite de sexta-feira (21) foi o estopim para que a Polícia Federal pedisse - e o Supremo Tribunal Federal autorizasse - a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Conforme apurado pela Itatiaia, a corporação avaliou que o ato, marcado para ocorrer em frente ao condomínio onde Bolsonaro cumpre prisão domiciliar, representava risco concreto à ordem pública, aos participantes e aos agentes responsáveis pela segurança na área.
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Nas redes sociais, Flávio convocou apoiadores para uma “Vigília pela saúde de Bolsonaro e pela liberdade no Brasil”, marcada para este sábado (22), às 19h, no balão do Jardim Botânico, em Brasília. No vídeo divulgado, o senador conclamou seguidores a “invocar o Senhor dos Exércitos”, afirmando que a oração seria a “verdadeira armadura do cristão” diante de “injustiças e perseguições”.
A mobilização, segundo a PF, criou um ambiente considerado altamente sensível, levando a corporação a entender que a presença de apoiadores nas proximidades do condomínio poderia gerar tumulto e dificultar o cumprimento das medidas de segurança impostas ao ex-presidente - que já está em prisão domiciliar desde agosto, quando o ministro Alexandre de Moraes entendeu que houve descumprimento de restrições judiciais e uso indireto de redes sociais para ataques ao STF.
Bolsonaro preso
Bolsonaro foi detido por volta das 6h deste sábado. O comboio da PF deixou o condomínio e chegou à sede da corporação às 6h35. Após os trâmites iniciais, o ex-presidente foi transferido para a Superintendência da PF, onde permanecerá em uma sala de Estado, ambiente reservado para autoridades de alto escalão.
Até a última atualização, Bolsonaro passava por exame de corpo de delito, realizado no próprio local por agentes do Instituto Médico-Legal para evitar exposição pública. Em nota, a PF afirmou apenas que cumpriu o mandado expedido pelo STF. A defesa do ex-presidente declarou que ainda não foi oficialmente informada da prisão.
A decisão marca um novo agravamento da situação jurídica de Bolsonaro, que desde agosto estava proibido de sair de casa sem autorização e de usar direta ou indiretamente redes sociais para difundir mensagens que, segundo Moraes, incentivavam ataques ao Supremo e defendiam intervenção estrangeira no Judiciário.