Ouvindo...

Haddad diz que divergências com Galípolo sobre juros são ‘normais’

Ministro afirma que conversa com presidente do Banco Cental é franca e apontou uso abusivo de recuperação judicial em alguns setores

O ministro da Fazenda, Fernado Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou neste sábado (27) que mantém uma relação de diálogo aberto e franca com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e classificou como “normais” as divergências sobre o patamar da taxa de juros no país.

“Fui o primeiro ministro da Fazenda que teve que conviver com um presidente do BC indicado pelo presidente anterior, e foi uma transição difícil. A conversa que temos com o atual presidente é muito franca, ele ouve todo mundo”, afirmou Haddad em entrevista ao podcast Três Irmãos.

Leia também

Haddad voltou a criticar o nível elevado da taxa básica de juros (Selic), afirmando que ele limita o crescimento econômico.

“O Brasil está crescendo o dobro do que crescia nos últimos oito anos. Agora está crescendo menos porque a taxa de juros está muito alta. Tá exagerada ou não? Tem conversa entre os economistas. Às vezes, vejo estardalhaço, ‘o Haddad, o Galípolo’, mas isso é normal”, disse.

Na última quarta-feira (24), o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 15% ao ano, sinalizando estabilidade por um período prolongado. Após a decisão, Haddad avaliou que o índice está acima do necessário para o cenário atual.

Recuperação judicial

Durante a entrevista, Haddad também criticou o uso abusivo da recuperação judicial — processo previsto em lei para socorrer empresas em crises financeiras — em alguns setores da economia.

“Além da taxa de juros, tem um abusinho no uso da recuperação judicial em alguns setores, que estamos analisando com mais calma. Tem um ou dois setores que estão inspirando um cuidado maior”, afirmou.

O ministro explicou que o governo está estudando medidas para coibir fraudes e mau uso do instrumento, que foi criado para socorrer empresas em crise financeira, mas, segundo ele, tem sido utilizado indevidamente por algumas companhias.

Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.