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Haddad aponta ‘preocupação’ com texto que autoriza Congresso a demitir diretores do BC

Projeto dá poder a parlamentares de exonerar integrantes do Banco Central quando a condução for ‘incompatível com os interesses nacionais’

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (3) que vê com “preocupação” o projeto de lei em tramitação na Câmara que autoriza o Congresso a demitir diretores do Banco Central.

“Olha, [vejo] com preocupação, porque não foi conversado conosco, com o governo, de uma maneira geral, e eu imagino que nem com o Banco Central”, declarou o chefe da equipe econômica.

Haddad defendeu ainda que a instituição tenha autonomia financeira, mas sem se tornar uma empresa pública, como estabelece a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65, de 2023.

“Penso que o BC tem de ter orçamento próprio para fazer frente a despesas que hoje ele não tem orçamento para fazer, dentre as quais o fortalecimento da parte regulatória. O BC autorizou um sem número de instituições financeiras que não estão sendo supervisionadas, o que é grave do ponto de vista dos golpes que estão surgindo. E tem a infraestrutura do PIX. São duas coisas que merecem muita atenção e apoio da área econômica”, declarou o ministro.

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Atualmente, a atribuição de destituir o presidente da instituição e seus diretores é exclusiva do presidente da República. O texto que tramita na Câmara, no entanto, propõe alterar a lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central para que o Congresso também tenha essa função quando a condução da autoridade monetária for “incompatível com os interesses nacionais”.

Pela proposta, a Câmara e o Senado precisariam aprovar um requerimento pela exoneração dos diretores por maioria absoluta dos votos nas duas casas.

Na terça-feira (2), o deputado Claudio Cajado (PP-BA) apresentou um requerimento de urgência para o projeto. O pedido foi assinado pelos líderes de partidos que integram o Centrão, como o MDB, PP, Republicanos e União, além do PSB e do PL.

Caso o requerimento seja pautado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e aprovado, a proposta poderá ser votada diretamente no plenário sem análise prévia das comissões temáticas.

Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.