Emocionado, Cleitinho defende fim da escala 6x1: ‘Sou oposição ao Lula, não ao Brasil’

Senador voltou a falar sobre o tema e usou o exemplo do próprio pai para argumentar pela redução da jornada de trabalho. Pauta é prioridade governista em 2026

Cleitinho, embora oposicionista, abraçou causa prioritária para o governo Lula

Em vídeo publicado em seu perfil no X nesta sexta-feira (26), o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos -MG) voltou a defender o fim da escala de trabalho 6 por 1. No registro, o integrante da oposição no Congresso faz uma defesa emocionada da pauta, mesmo o tema sendo tratado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e por parlamentares governistas como uma prioridade para 2026.

Embora seja eleitoralmente alinhado a nomes bolsonaristas e compor a bancada de oposição no Senado, Cleitinho já abraçou outras pautas governistas de apelo popular, como no caso da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil.

“Sou oposição ao Lula, mas não sou oposição ao Brasil. Não sou aliado do Lula, mas sou aliado do povo. Tudo que for a favor do povo, eu vou defender”, disse o senador no começo do vídeo. Na sequência, Cleitinho usou um recorte do recente pronunciamento de Lula defendendo a proposta.

Cleitinho seguiu sua defesa pelo fim da escala 6x1 usando a sua experiência familiar como exemplo. Com a voz embargada, o senador recordou que o pai sempre encerrava as festas de fim de ano mais cedo por ter de trabalhar no Natal e no réveillon e que não pôde abandonar a rotina nem enquanto fazia um tratamento oncológico.

“Sabe por que eu venho defendendo isso há mais de um ano? Porque agora nessa época do ano, Natal e réveillon, no dia 24, eu passava assim com meu pai e meu dormia mais cedo porque ele tinha que trabalhar no dia 25. Todo ano meu pai trabalhava no dia 25 e no dia 1º. Meu pai passou 365 dias no ano trabalhando. Eu vi meu pai morrer de câncer e trabalhando. É por isso que eu defendo que acabe logo essa escala 6 por 1. Estou fazendo isso pelo meu pai, pelo seu pai, pela sua mãe, pelo seu filho. E que a gente faça isso com responsabilidade, independente de esquerda ou direita”, disse o senador enquanto fotografias dele com o pai eram exibidas.

Projetos para o fim da escala 6x1

Em pronunciamento feito em rede nacional de rádio e televisão na véspera do Natal, Lula defendeu o fim da escala 6x1 como uma meta de seu governo em 2026, último ano do mandato. A redução na jornada de trabalho para garantir dois dias de descanso semanal é tema de ao menos três projetos no Congresso.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/2025 foi protocolada na Câmara pela deputada Érika Hilton (PSOL-SP) e prevê a redução da jornada para uma escala 4x3, com três dias semanais de descanso. O texto já tem as assinaturas necessárias para começar a tramitar e aguarda um despacho para ser apreciada nas comissões da Casa.

A PEC 148/2015, recentemente aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e pronta para apreciação em plenário, também trata sobre o tema. O texto reduz a jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas, com posterior progressão até chegar a 36 horas. A proposta também prevê o fim da escala 6x1.

Pelo avanço na tramitação e a proposta mais conservadora de redução da jornada, a votação e aprovação da PEC 148/2015, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), é considerada mais factível.

Há ainda a tentativa de redução da escala via Projeto de Lei (PL) 67/2025, assinado pela deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), que limita a jornada normal de trabalho a 40 horas por semana e estabelece a escala 5x2.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

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