Em decisão pela prisão de Silvinei Vasques, Moraes cita descrição de indícios de fuga

Ex-diretor da PRF foi condenado por tentativa de golpe de Estado. No Natal, ele rompeu a tornozeleira eletrônica e tentou fugir para El Salvador pelo aeroporto de Assunção

Silvinei Vasques foi preso no Paraguai, tentando fugir em voo para El Salvador

Na decisão em que determinou a prisão preventiva de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), citou a descrição dos atos do réu que indicaram risco de fuga. O documento expedido nesta sexta-feira (26) aponta que ele deixou sua residência em Santa Catarina na véspera do Natal e foi visto colocando bagagens em um carro minutos antes de sair de casa.

Vasques foi preso no Paraguai em tentativa de fuga nesta sexta. Ele já havia rompido a tornozeleira eletrônica que o monitorava. O ex-diretor da PRF foi condenado em 16 de dezembro por ter atuado na articulação da tentativa de um golpe de Estado em 2022, mas seguiu em liberdade com medidas cautelares por ainda haver prazo para que a defesa apresentasse recursos contra a condenação.

Em sua decisão pela prisão preventiva, Moraes cita um trecho da descrição feita pela Polícia Federal (PF) ao realizar as diligências posteriores à constatação do rompimento da tornozeleira eletrônica por Vasques. Na quinta-feira (25), o sinal de GPS e GPRS do equipamento de monitoramento do réu foi interrompido.

Quando policiais federais foram à casa de Vasques, não o encontraram no local. Imagens do sistema de segurança do prédio mostraram que, na noite da véspera de Natal, Vasques utilizou um veículo alugado para transportar diversos pertences. Ele foi filmado colocando bolsas, ração, muitos sacos de tapete higiênico para cães e um pitbull no carro. O ex-diretor da PRF deixou o local por volta das 19h22min e não foi mais visto no local.

Silvinei Vasques foi nomeado para a direção da PRF durante a presidência de Jair Bolsonaro (PL). Sob seu comando, no dia do segundo turno das eleições de 2022, a corporação fez operações de trânsito em regiões do Brasil que registraram maior votação no então candidato ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O policial integra o segundo núcleo dos julgamentos da trama golpista. Ele foi condenado pela participação na elaboração da minuta do golpe e pelo plano batizado como ‘punhal verde e amarelo’, em que eram descritas estratégias de assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Além de Silviinei, foram condenados no núcleo 2:Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência; Marcelo Costa Câmara, ex-assessor da Presidência); Marília Ferreira, ex-integrante do Ministério da Justiça; e Mário Fernandes, general da reserva e ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência..

As condenações comtemplam os crimes de tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. Mesmos crimes pelos quais o STF condenou Jair Bolsonaro.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

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