Usuários criticam início do horário de férias na Grande BH: ‘Não tem ônibus e o app dá R$ 100'

Primeiro dia do horário de férias gera transtornos no transporte metropolitano, especialmente em Justinópolis, em Ribeirão das Neves

Redução de viagens afeta trabalhadores e provoca superlotação e atrasos no transporte metropolitano

O primeiro dia de funcionamento do chamado horário de férias no transporte coletivo já provocou transtornos para passageiros da Região Metropolitana nesta sexta-feira (26). Em Justinópolis, em Ribeirão das Neves, usuários relataram longas esperas, ônibus lotados e até desistência de ir ao trabalho nesta manhã.

Na estação de Justinópolis, passageiros disseram que chegaram ainda de madrugada e não conseguiram embarcar por falta de veículos. A diarista Leia Pereira contou que esperou mais de duas horas e acabou desistindo do deslocamento.

“Estou aqui desde 5h50 e agora são 8h. Não passou ônibus. Vou voltar pra casa e perder o dia de trabalho. Aplicativo está dando quase R$ 100, não tem condição”, relatou.

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Segundo ela, a situação já é difícil nos dias normais, mas piora ainda mais durante o período de férias. “Mesmo fora de férias já demora, mas agora fica muito pior. A maioria das pessoas não está de férias, está trabalhando normalmente”, afirmou.

Outra passageira, Vânia Costa, reconhece que o horário especial exige mais planejamento, mas admite que nem sempre funciona para quem depende do transporte público.

“A gente precisa sair mais cedo e se programar. O horário de férias sempre existiu, mas se não existisse seria melhor. Nem todo mundo consegue se adaptar”, disse.

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A empregada doméstica Maria Sônia Mendes, de 54, afirma que o impacto é grande para quem trabalha todos os dias.

“É péssimo. Poucos ônibus, muito cheios. De manhã fica horrível. Não é justo, porque muita gente trabalha normalmente”, afirmou. Segundo ela, o trajeto até o trabalho, no bairro Sion, pode levar até três horas, somando deslocamentos e tempo de espera.

A diarista Neuza Laurindo de Paula também reclama da superlotação e da demora. “A gente fica esperando demais na estação. Quando o ônibus vem, já chega cheio. Prejudica muito quem está trabalhando”, disse. Ela conta que leva cerca de 40 minutos para chegar ao Centro, considerando o tempo parado aguardando o coletivo.

O que diz as autoridades

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) informou, por meio de nota, que o atual quadro de horários praticado por algumas linhas metropolitanas segue determinação expressa da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra).

“Nesse intervalo, algumas linhas operam em modelos especiais, como pode ser conferido no quadro abaixo, divulgado há algumas semanas. Essa operação especial é adotada anualmente para adequar a oferta de viagens à demanda historicamente reduzida no período”, disse.

Ainda assim, o Sintram e empresas consorciadas mantém a escuta ativa aos passageiros e monitora constantemente a operação nos Terminais.

“Caso seja detectada qualquer necessidade de reforço nesse intervalo, as empresas irão sinalizar imediatamente à entidade, que, por sua vez, encaminhará rapidamente a proposta de ajuste à Seinfra, órgão responsável pela validação e implementação de alterações”, finalizou.

A reportagem entrou em contato com as prefeituras de BH e Ribeirão das Neves, Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais e Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros.

Na capital mineira

A mudança segue até o dia 30 de janeiro de 2026. Durante esse intervalo, a oferta de viagens será reduzida em cerca de 8%, enquanto a queda estimada no número de passageiros chega a 23%.

Mesmo assim, o sistema contará com 22.428 viagens nos dias úteis — 42 a mais do que no mesmo período de férias de 2024/2025, quando foram registradas 22.386 viagens.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.

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