Eduardo Bolsonaro vira réu no STF; entenda o que acontece a partir de agora

Primeira Turma aceitou denúncia por coação no curso do processo sobre tentantiva de golpe e abre caminho para início da ação penal

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP)

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, neste sábado (15), aceitar por unanimidade a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelo crime de coação no curso do processo.

Embora todos os ministros tenham votado para transformar o parlamentar em réu, o julgamento no plenário virtual só será concluído em 25 de novembro.

Nesta fase, o STF analisa apenas se há elementos mínimos para abertura de ação penal — e não julga ainda culpa ou inocência.

O relator, Alexandre de Moraes, votou pelo recebimento da denúncia e foi acompanhado integralmente por Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia, formando placar de 4 a 0.

O colegiado está temporariamente com quatro ministros porque Luiz Fux se transferiu para a Segunda Turma após a aposentadoria de Luís Roberto Barroso; a vaga será preenchida quando o novo ministro for empossado.

Próximos passos

Com o término do julgamento e o recebimento definitivo da denúncia, Eduardo Bolsonaro se tornará réu e terá início a ação penal no STF. Nessa etapa Eduardo Bolsonaro vai responder pelo crime de coação no curso do processo.

Segundo a denúncia da PGR, o parlamentar tentou interferir, fora do país por meio de sanções dos Estados Unidos aplicadas a autoridades, no julgamento que levou à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por participação em uma trama golpista.

Moraes conduzirá o processo

Como relator, Alexandre de Moraes será responsável por conduzir toda a fase de instrução penal. O procedimento seguirá estas etapas:

Citação do réu: Eduardo Bolsonaro será intimado a apresentar defesa prévia em cinco dias, indicando suas teses, provas desejadas e testemunhas.

Instrução criminal: serão ouvidas testemunhas de acusação e defesa, colhidas provas documentais, periciais e realizadas diligências autorizadas pelo relator.

Interrogatório: concluída a produção de provas, Moraes marcará a data para o interrogatório do deputado.

Alegações finais: acusação e defesa terão 15 dias cada para enviar seus últimos argumentos ao STF.

Relatório e voto: após essa etapa, o relator prepara o relatório do caso e seu voto — não há prazo para essa conclusão.

Julgamento final

Somente depois de toda a instrução a Primeira Turma poderá julgar o mérito da ação penal, decidindo se condena ou absolve Eduardo Bolsonaro.

Na sessão de julgamento:

  1. O relator lê o relatório.
  2. Acusação e defesa têm uma hora cada para sustentação oral.
  3. Moraes apresenta seu voto.
  4. Os demais ministros votam em ordem de antiguidade.

A decisão final poderá impor pena, absolver o réu ou determinar medidas alternativas, conforme o entendimento do colegiado.

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Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.

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