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Deputada aciona Justiça após contradições de secretário de Zema e suspensão de edital

O edital destinava R$ 16,4 milhões para 203 projetos culturais em todo o Estado, muitos dos quais estão em execução

Deputada estadual Lohana França

A deputada estadual Lohana França (PV) protocolou, nessa terça-feira (26), uma Ação Popular com pedido liminar contra ato da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), que suspendeu a execução do edital PNAB nº 11 de 2024, que trata sobre mostras e festivais no Estado. Inicialmente, Secult afirmou que cumpriu uma decisão judicial, mas a parlamentar confirmou que não houve ato jurídico tomado em relação ao certame. Depois, a pasta alegou que suspendeu o edital preventivamente.

O edital destinava R$ 16,4 milhões para 203 projetos culturais em todo o Estado, muitos dos quais estão em execução. A Ação Popular afirma que a Secult anunciou a suspensão apenas por meio de notícia em seu site e por e-mails encaminhados a proponentes, sem publicação no Diário Oficial e sem decisão administrativa formal.

A deputada também argumenta que o ato não “apresenta motivação suficiente”, limitando-se a afirmar que a suspensão acontece após uma “suposta decisão judicial em ação do Ministério Público”, sem que fossem indicados número do processo, juízo competente ou fundamentos legais que sustentem a medida.

“Não há ação do Ministério Público, não há decisão judicial. Foi uma falsidade ideológica do Secretário de Cultura, Leônidas Oliveira. Ele utilizou o nome do Tribunal de Justiça e o nome do Ministério Público para tirar dos seus ombros uma responsabilidade que é da Secult pelos erros que eles repetem de forma contumaz”, diz Lohana na ação.

A parlamentar requer, na Justiça, a suspensão imediata do ato informal da Secult, o restabelecimento da execução dos projetos, que o Estado seja obrigado a adotar apenas medidas “formalmente motivadas e publicadas” para suspensão de editais e que “eventuais decisões sejam moduladas para evitar prejuízos irreversíveis aos fazedores de cultura e à coletividade”.

À Itatiaia, a deputada afirmou que Leônidas “mudou sua versão” sobre os fatos, e que, apesar de inicialmente ter atribuído a responsabilidade pela suspensão do edital a uma ação do Ministério Público, agora defende que a pasta suspendeu o edital “preventivamente” com base na “autotutela administrativa para evitar possíveis erros”.

“Ou é uma coisa, ou é outra. Ou houve uma decisão judicial que obrigou o secretário a fazer isso, ou então eles estão fazendo isso para prevenir”, destaca Lohana.

“A gente procurou essa decisão judicial, a gente procurou essa ação do Ministério Público e a gente descobriu que não existem. Não existe nenhuma ação do MP, nenhuma ação civil pública, nenhum inquérito aberto, absolutamente nada. Nenhuma decisão judicial. Isso é muito sério porque mostra que o secretário de Estado, ele está usando outro poder e usando uma estrutura tão importante quanto o Ministério Público para poder tirar a responsabilidade das próprias costas”, defende.

O governo do Estado, por meio da Secult, afirma que a suspensão temporária da execução de projetos contemplados no edital ocorreu após o recebimento de uma notícia de fato.

Leia a nota na íntegra:

Sobre a suspensão temporária da execução dos projetos contemplados no Edital PNAB nº 11/2024 - Propostas de Mostras e Festivais, a Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de Minas Gerais esclarece:

  1. A Secult-MG recebeu uma notícia de fato, por parte do Ministério Público. Também houve um mandado de segurança e um pedido de reconsideração do referido edital. Desde então, iniciou as verificações necessárias e identificou possíveis equívocos no procedimento de seleção regulamentado pelo edital.
  2. Em observância ao princípio da autotutela administrativa (Súmula 473 do STF) determinou a suspensão temporária, em caráter preventivo, da execução dos projetos do Edital PNAB 11/2024 com o objetivo de resguardar a Administração Pública e os agentes culturais, garantindo que todos os procedimentos do certame estejam devidamente adequados e juridicamente respaldados.
  3. O processo será conduzido no menor prazo possível, de modo a garantir segurança para os agentes culturais
  4. A Secult-MG manterá todos os participantes e contemplados informados sobre o andamento, reafirmando seu compromisso com a legalidade, a transparência e a continuidade responsável das políticas culturais.
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Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.
Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.