Boulos acusa Câmara de ‘rigor seletivo’ após quebra-quebra e retirada de Glauber

Ministro diz que Casa pauta o que não é do interesse público

Glauber Braga foi retirado do plenário da Câmara

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL-SP) criticou, nesta quarta-feira (10), a condução da Câmara dos Deputados durante a confusão desta terça-feira (9), quando o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força da Mesa Diretora pela Polícia Legislativa após protestar contra o processo de cassação que pode ser votado na próxima semana.

Para Boulos, o episódio expõe um tratamento desigual em relação ao que ocorreu nos dias 5 e 6 de agosto, quando parlamentares bolsonaristas ocuparam a Mesa Diretora pressionando por votação da anistia, do fim do foro privilegiado e do impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

Segundo o deputado, naquela ocasião “se negociou à exaustão”, sem qualquer sanção aos envolvidos. “Ninguém foi punido, nenhum jornalista foi expulso, a TV Câmara não interrompeu o sinal”, afirmou. Ele lembrou que os manifestantes permaneceram no local por horas e não sofreram retirada forçada.

Boulos sustentou que a reação da Casa desta vez, que incluiu agressões a parlamentares, suspensão do sinal da TV Câmara e intervenção policial, rompe a coerência institucional. “Dois pesos, duas medidas tira legitimidade. É extremamente preocupante o que aconteceu.”

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O parlamentar também questionou a prioridade dada pela Presidência da Câmara ao processo de cassação de Glauber Braga, que ele classificou como “injusto”. Para Boulos, insistir nesse tipo de pauta, junto com temas como anistia a investigados por atos golpistas e o marco temporal, distancia o Legislativo das demandas reais da população.

“Ou a Câmara segue insistindo numa pauta que não é a pauta do povo brasileiro, ou olha para as ruas, para o sentimento do trabalhador e aprova medidas como o fim da escala 6×1”, declarou.

Boulos afirmou esperar que o comando da Casa “ponha a mão na consciência” antes de avançar com o processo contra Braga. Encerrando a fala, reforçou que o governo Lula “tem lado” e que este lado seria “o dos trabalhadores”.

Glauber Braga subiu à Mesa Diretora para protestar contra o parecer que pode resultar na perda de seu mandato. O deputado foi r etirado à força por agentes da Polícia Legislativa, alegando ter sido machucado no braço durante a ação. Ele foi atendido ainda dentro da Câmara.

A sessão acabou marcada por empurra-empurra, protestos de parlamentares e interrupção da transmissão oficial por alguns minutos.

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Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.

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