Assembleia promulga PEC que acaba com o referendo para privatização da Copasa

Mesa diretora da ALMG publicou o ato que encerra a tramitação da “PEC do Referendo” e facilita a privatização da estatal de saneamento

Promulgação da PEC do Referendo encerra a tramitação do projeto que facilita a privatização da Copasa

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) promulgou a Emenda à Constituição de nº 117, que acaba com a necessidade de uma consulta popular para a privatização da Companhia de Saneamento (Copasa). O ato foi publicado pela mesa diretora da ALMG em edição do Diário do Legislativo, nesta sexta-feira (21), encerrando a tramitação da proposta de autoria do governador Romeu Zema (Novo).

A proposta foi aprovada em definitivo no início de novembro em uma votação polêmica no plenário, por 48 votos a 22, no limite do necessário para que não fosse rejeitada. O motivo da polêmica foi o voto do deputado Bruno Engler (PL), que precisou ser declarado fora do painel eletrônico, onde apenas 47 parlamentares votaram sim pela proposta.

O processo chegou a ser contestado pelos deputados da oposição, argumentando que Engler não estaria dentro do plenário na hora da votação. Porém, a mesa diretora recorreu às imagens de segurança para validar o voto do parlamentar.

A chamada “PEC do Referendo” permite a privatização da Copasa sem passar pelo crivo do eleitor do estado. O mecanismo estava na legislação mineira desde 2001, quando foi proposto pelo governador Itamar Franco e aprovado por unanimidade na Assembleia.

Leia também

A privatização da estatal de saneamento faz parte do plano do Palácio Tiradentes para o Programa de Pleno Pagamento de Dívida dos Estados (Propag), que permite o financiamento do débito de quase R$ 170 bilhões com a União em até 30 anos e estabelece mecanismos que reduzem os juros cobrados.

O projeto do governo Zema é abater 20% do estoque devido. Para isso, o estado enviou projetos para o Legislativo com o objetivo de federalizar ou privatizar estatais. No caso da Copasa, a gestão do estado pretende usar os valores arrecadados com a venda da estatal em investimentos de infraestrutura e educação exigidos no Propag para reduzir os juros da dívida. Atualmente, a empresa mineira tem um valor de mercado de R$ 14,4 bilhões, mas o estado possui apenas 50,04%, cerca de R$ 7 bilhões.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

Ouvindo...