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ALMG: oposição ao governo Zema obstrui projeto que acaba com referendos sobre venda de estatais

Deputado de oposição tentam impedir que PEC apresentada pelo governador Romeu Zema seja votada na Assembleia Legislativa de MG

Deputados de oposição tentam obstruir votação de PEC do governo Zema

Deputados de oposição ao governo Zema na Assembleia Legislativa de Minas (ALMG) atuaram, durante a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na manhã desta sexta-feira (13), para adiar a votação da PEC do governo do estado que retira a exigência de referendo popular para a privatização de estatais.

A PEC, de autoria do governador Romeu Zema (Novo), prevê o fim do quórum qualificado de três quintos dos deputados para aprovação da desestatização de empresas de propriedade do estado.

O parecer do deputado Thiago Cota (PDT) foi lido na comissão, mas em seguida o deputado Lucas Lasmar (Rede) pediu vistas para analisar o parecer. O prazo de vistas é de 24 horas.

O objetivo do governo é facilitar a privatização de empresas como a Cemig e a Copasa, que de acordo com as leis do estado, para serem privatizadas ou federalizadas precisam de aprovação popular.

Na reunião extraordinária desta sexta-feira na CCJ, os deputados Lucas Lasmar (Rede), Beatriz Cerqueira (PT), e Ulysses Gomes (PT), usaram de diversos recursos e requerimentos para obstruir a pauta da comissão que iria votar hoje o texto do governo.

Apesar da obstrução, a base do governo considera ter maioria na CCJ para aprovar a proposta. A aprovação é necessária para o avanço da PEC até que seja votada em definitivo em plenário pelos parlamentares.

Deputados da oposição fizeram longos recursos, e protocolaram requerimentos para evitar que o presidente pudesse chamar a votação da PEC.

Segundo a deputada estadual Beatriz Cerqueira, a oposição trabalhar para impedir que a votação aconteça nesta sexta-feira (13).

“A nossa expectativa e o nosso trabalho defendendo as estatais mineiras é impedir que o governo consiga votar essa PEC hoje, porque a PEC retira o direito da população de decidir sobre o patrimônio dela, que é o referendo, e torna mais simples mudanças no estatuto, na estrutura das estatais. Nós sabemos o que o governo Zema quer com isso. Ele quer privatizar o lucro e os prejuízos ficam com a população. Porque toda vez que se privatiza uma estatal, as contas aumentam, o serviço piora, e a população fica completamente desassistida”, afirmou.

A deputada afirmou que não tem intenção de negociar a retirada de algumas estatais cobertas pela lei do referendo, como permitir a privatização de pelo menos uma das estatais sem referendo popular.

Adesão ao Propag

O governo pretende abater através de federalizações pelo menos 20% da dívida com a União, para conseguir máximo benefício do Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag).

Porém, a Copasa e a CEMIG, que estão incluídas nas propostas de federalização, precisam ter aprovação em referendo popular para serem privatizadas ou federalizadas. Uma mudança na lei seria necessária para pular este processo, o que é considerado pelo governo uma forma de facilitar e acelerar o processo de adesão ao Propag, que tem que ser totalmente concluído na Assembleia Legislativa até 30 de outubro.

A retomada da tramitação da PEC havia sido anunciada no início deste mês pelo presidente da Assembleia, deputado Tadeu Leite (MDB), após ficar parada na Casa desde fevereiro.

A PEC foi apresentada por Zema em outubro de 2023, frente aos debates sobre uma possível privatização das duas estatais. Os projetos que pedem a desestatização da Cemig e da Copasa foram apresentados na Assembleia no ano passado, mas ainda não começaram a tramitar.

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Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.