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Propag: oposição critica ‘saldão’ de imóveis de Zema e alerta para agenda de privatizações

Prefeituras de cidades do interior, escolas estaduais e até a sede do governo Zema estão entre os bens que o Estado ofereceu para aderir ao Propag

Cidade Administrativa, sede do governo de Minas, está na lista de imóveis que o executivo quer entregar à União para abater a dívida

A lista de imóveis que o governo de Minas Gerais quer entregar à União como parte da negociação para abater a dívida — que gira em torno de R$ 165 bilhões — no Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados, o Propag, foi alvo de críticas de deputados da oposição na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (28).

A relação encaminhada pelo Executivo estadual inclui mais de 300 imóveis, como a Cidade Administrativa, o Hospital Risoleta Neves, o prédio da Prefeitura de municípios do interior e até um fórum tombado como patrimônio histórico.

A deputada Lohanna (PV), integrante do bloco de oposição, classificou a iniciativa do governador Romeu Zema (Novo) como uma ‘venda a preço de liquidação’. "É como se fosse um saldão que o governador Romeu Zema quer fazer com o patrimônio de Minas Gerais”, afirmou.

Segundo ela, a relação inclui imóveis com ‘itens esdrúxulos’, como fóruns municipais e até uma aldeia indígena. “Tem o Risoleta (Neves), a Cidade Administrativa, a prefeitura de três municípios, o fórum de três municípios, inclusive o município de Pitangui, que é um fórum, prédio histórico tombado”, disse.

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Apesar das críticas, Lohanna destaca que o bloco não se opõe ao Propag, considerado uma alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal. “A gente defende o Propag o tempo todo. Fomos nós que não quisemos o Regime de Recuperação Fiscal, foi a gente que quis um regime alternativo e que tivesse uma perspectiva melhor de pagamento para o Estado de Minas Gerais”, ressaltou.

O que está em xeque, segundo a parlamentar, é o que chama de tentativa do governo de ‘revestir’ o programa com uma agenda de privatizações. “O que não dá é para ter uma autorização para o Estado abrir mão do patrimônio com a justificativa de federalizar e permitir a privatização. [...] O que o governador quer, efetivamente, é um cheque em branco”.

Lohanna também questionou a falta de comunicação com autoridades municipais e do Judiciário: “Eu me pergunto se o Tribunal de Justiça foi avisado que várias cidades, várias comarcas vão ficar sem foro. [...] Se os prefeitos, como o de Lagoa Santa, Igarapé e Pato de Minas, foram avisados que vão ficar sem prefeitura ou com prédios públicos à venda”, disse.

Proposta ‘transparente’

Já o deputado Doorgal Andrada (PRD), relator da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), disse que a transparência será prioridade na condução da análise da proposta. Ele informou que, nesta quarta-feira (28), a lista foi oficialmente apresentada à CCJ e passará a ser avaliada em conjunto com um novo relatório: “Amanhã nós vamos distribuir para a comissão e vou retirar o meu relatório e apresentar um novo relatório, incluindo a questão dos imóveis”.

Sobre a adesão ao Propag, o deputado ressaltou que a proposta é unânime na Casa como melhor alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal. “A adesão ao Propag permite com que o governo entre nesse programa do governo federal. [...] É uma nova oportunidade, que é unânime o entendimento de que é melhor que o governo venha aderir ao Propag”, afirmou.

O texto que autoriza a adesão de Minas Gerais ao Propag está pronto para votação em segundo turno, pouco depois de ser aprovado em primeiro turno nesta quarta-feira (28).

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.