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Professores protestam contra projeto do Propag que entrega gestão da UEMG à União: ‘não estamos à venda’

Servidores realizaram assembleia-geral na ALMG para pedir arquivamento dos projetos que usam a universidade para abater parte da dívida do Estado com a União

Estudantes e professores da Universidade do Estado de Minas Gerais paralisaram as atividades nesta quarta-feira (28) e se mobilizaram na Assembleia Legislativa (ALMG) para manifestar pelo arquivamento do projeto de lei que transfere imóveis da instituição a União. Para Túlio Lopes, presidente da Associação de Docentes da UEMG (Aduemg), a proposta pouco tem a ver com a federalização, como tem sido defendido pelo governador Romeu Zema (Novo) e o vice-governador, Mateus Simões (Novo).

Em entrevista à Itatiaia, ele afirmou acreditar que a real intenção do governo seria “extinguir” a universidade. “Não há como corrigir o incorrigível. O PL 3738/2025 aponta a extinção da UEMG. Nós estamos dialogando com deputados, iremos fazer pressão na base do governo, para que eles não votem, para que esse texto não avance na Assembleia. Queremos o arquivamento. Esse é o nosso diálogo”, disse.

A instituição hoje tem cerca de 22 mil estudantes, distribuídos em 141 cursos de graduação e 37 de pós-graduação. São 22 unidades espalhadas no estado, com 1.600 professores e 600 técnicos-administrativos.

Além dos imóveis da universidade, entre outros de propriedade de Estado, conforme o PL 3.733/2025, o governo também enviou para a ALMG o projeto 3738/2025, que transfere a União a gestão da UEMG.

De acordo com Túlio, o governo Lula não terá interesse em federalizar a instituição. O receio dele é que com a negativa, a privatização esteja nos planos futuros do governador para a universidade. “Estivemos ontem em Brasília participando de uma audiência no Congresso Nacional. O próprio secretário do Tesouro Nacional [Rogério Ceron] foi enfático ao dizer que não é a intenção do governo receber uma autarquia”, declarou.

O professor da Faculdade de Educação da UEMG, Moacir Gomes de Almeida, também presente na mobilização, concorda. Para a reportagem, ele afirmou que a situação da universidade pode ser descrita como “desmonte” da educação de nível superior.

“Não existe federalização. Não posso vender a casa para alguém sendo que essa pessoa não está nem interessada em comprar, como é o caso do governo federal, que tem seus problemas. É um desmonte colocar uma universidade do tamanho da UEMG, querer trocar isso é muita irresponsabilidade, falta de saber o que está fazendo. Fazemos o que queremos na cozinha da nossa casa, não em uma instituição de ensino”, conta.

No dia 8 de maio, em nota publicada no site da UEMG, a universidade afirma que foi comunicada verbalmente em uma reunião com representantes da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), sobre a intenção de inclusão da instituição na proposta de federalização.

Eles afirmaram, no entanto, que não houve apresentação formal da proposta a reitoria e nem convite para debate o tema. “A UEMG reafirma seu compromisso com a educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, e defende que quaisquer discussões sobre seu futuro institucional devem ocorrer com total transparência, com garantia dos direitos de servidores, e diálogo com a comunidade universitária e a sociedade mineira”.

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Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.