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Veja a última entrevista de Fuad Noman, prefeito de BH, à Itatiaia

O prefeito de Belo Horizonte faleceu nesta quarta-feira (26), aos 77 anos, no Hospital Mater Dei

Morreu nesta quarta-feira (26) o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman. Ele estava internado no Hospital Mater Dei, na região Centro-Sul da capital.

No dia 28 de outubro do ano passado, logo que venceu a eleição, Fuad concedeu entrevista a Willian Travassos no programa Itatiaia Agora, onde falou sobre vários assuntos, entre eles as dificuldades da campanha, Plano Real, obras para 2025, entre outros assuntos. Veja o que ele falou sobre cada um:

Início da carreira

Fuad Noman começou a trabalhar no bar do pai, onde, segundo ele, aprendeu a “servir as pessoas”.

“Era um trabalho interessantíssimo. Eu aprendi a servir as pessoas. Isso é um negócio que a gente tem que aprender. Servir. Foi assim, como garçom, que aprendi, e levei para a vida inteira”, relatou.

Dificuldade da campanha nas Eleições de 2024

“Foi [um período eleitoral] muito cansativo, mas muito emocionante, porque a gente acaba recebendo muitos abraços, muitos apertos de mão, muita emoção. As pessoas te abraçam com um carinho muito grande. Então, o cansaço é verdadeiro, mas a emoção é muito forte”, disse.

Polêmica do livro ‘Cobiça’

Fuad também se manifestou, na época, sobre a polêmica envolvendo trechos do livro “Cobiça”, publicado por ele em 2020. Ele foi acusado por oponentes na campanha política de “endossar a pedofilia” e “escrever pornografia”.

“Olha, eu acho que eles não leram o livro, porque o livro não tem nada daquilo que eles estão falando que tem, não tem nenhum movimento daquilo. É uma história completamente diferente. Ali na realidade é quase que um alerta pro risco de um padrasto, de uma pessoa atacar uma criança de 12 anos”, disse.

“O que me deram foi um atestado de bons antecedentes, porque eles falaram que iriam fazer uma grande denúncia minha, um escândalo, vasculhar minha vida toda, não acharam nada e escolheram o livro para fazer. Ou seja, eu acho que eles cometeram um grande erro como pessoas, como políticos e numa campanha, porque pegaram uma história sem pé nem cabeça e inventaram”, finalizou.

Por que mudou de ideia e se tornou candidato?

“Quando eu assumi a prefeitura há dois anos, eu tive uma mudança muito forte na minha forma de ver a atuação de um prefeito. Eu comecei ver os olhos das pessoas quando eu entregava um produto para eles, quando eu entregava uma casa para uma senhora, quando eu entregava um um um centro de recuperação para uma família, para uma criança. [...] Então isso mudou muito a minha forma de ver a política, mudou muito a minha forma de de ver como um prefeito pode mudar a vida das pessoas. [...] Então eu falei: ‘Eu posso ajudar essas pessoas, eu posso continuar fazendo esse trabalho’. Reuni a família e decidi [me candidatar] até que apareceu a doença [Linfoma não Hodgkin], mas aí é outra história”, afirmou.

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Obras para 2025

Na época, Fuad detalhou as obras previstas para o novo mandato. São elas:

  • Viadutos, incluindo o Viaduto da Av. Waldomiro Lobo;
  • Construção de barragens como a do Córrego Ferrugem, para contenção da água da chuva;
  • Revitalização do Centro de BH, como foi feito na Praça da Estação, e era planejado para as Praças da Rodoviária e do Papa, e também melhorias na sinalização da Avenida Afonso Pena.

“Essas coisas vão acontecendo devagar porque obra, principalmente obra pública, é um processo complicado”, disse Fuad. Clique aqui e veja o vídeo.

Plano Real

Fuad Noman participou da equipe econômica que elaborou o Plano Real, no fim dos anos 1990. Ele falou sobre a função que exercia.

“Eu era secretário-adjunto. O secretário executivo era o Dr. Colves Carvalho. Ele é que coordenou o grupo de economistas que estavam cuidando do trabalho. Eu participei junto. O meu foco era os bancos oficiais federais. Os bancos sempre operaram, principalmente os bancos federais, operaram muito com o dinheiro público, o dinheiro da conta movimento e então eles tinham uma certa liquidez tranquila e fácil. A preocupação era que com o Plano Real pudesse haver um choque de falta de recurso dos bancos. Então era preciso fazer uma preparação nos bancos oficiais. Aí eu estou falando de Caixa Econômica, Banco do Brasil, BNDS, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia, para que esses bancos pudessem estar preparados pro impacto que o Plano Real ia dar, porque nós íamos cortar praticamente a conta de movimento. Então eu cuidei disso nesse período todo, logicamente participei das reuniões todas porque um assunto interessava ao outro, né? Cada assunto era ligado, era tudo era interligado. E foi um período assim de riqueza”, contou.

Recado para o pai

Para finalizar a entrevista, Fuad mandou uma mensagem para o pai, que inspirou o nome do prefeito de Belo Horizonte.

“Olha, seu Fuad, aquele menino, aquele moleque que lavava o chão e lavava o banheiro, chegou ao posto mais alto da cidade de Belo Horizonte, pela educação que você me deu, pela forma que você me ensinou a trabalhar, pela forma que você me ensinou a atender as pessoas. Aí hoje do garçom, do comim, que naquela época chamava de comim, porque era o ajudante do garçom, né? Nem garçom era ainda. [...] Esse menino cresceu, seu Fuad. Pena que o senhor não tá aqui para ver, mas hoje é o prefeito de Belo Horizonte, eleito por 670.000 pessoas.

Obrigado aí pela sua história, obrigado pelos seus ensinamentos”, finalizou.

Morte de Fuad Noman

Fuad Noman morreu aos 77 anos nesta quarta, às 11h27 da manhã. Ele foi internado com um quadro de insuficiência respiratória, e morreu por complicações de um Linfoma não-Hodgkin, de acordo com o Hospital Mater Dei. Informações sobre velório e sepultamento do prefeito ainda não foram disponibilizadas. Ele deixa a esposa, Mônica, dois filhos e quatro netos.

Quem assume a cadeira é Álvaro Damião (União Brasil), vice-prefeito que estava como prefeito em exercício durante a internação de Fuad Noman.

Jornalista formada pela PUC Minas. Mineira, apaixonada por esportes, música e entretenimento. Antes da Itatiaia, passou pelo portal R7, da Record.
Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.
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